O Bloco da Pracinha agita a tarde de domingo do carnaval de Laguna desde 1978. E este ano não será diferente. Mais de 100 mil pessoas acompanharão os trios elétricos e carros alegóricos que percorrem o trajeto de quase cinco quilômetros entre a Praça Souza França, no bairro Magalhães, e a praia do Mar Grosso. O Bloco da Pracinha, como o nome já diz, nasceu de um grupo de 10 amigos que nos domingos de carnaval se reuniam na Praça Souza França para fazer batucada. Hoje, passados 38 anos, a Souza França, é apenas um dos locais da concentração do bloco, que é um exemplo de que democracia nunca é demais. Não há taxa de inscrição e ninguém precisa pagar nada. A única exigência é muita alegria. Por onde o bloco passa, vai angariando novos simpatizantes. De um lado, chega uma dezena de mulheres-maravilhas. De outro punks, mascarados e drag queens. Um pouco mais adiante, entram no samba noivas nada recatadas, colegiais e havaianas. O Bloco da Pracinha é assim. Uma bagunça organizada, que até estatuto tem, embora pouca gente se interesse em conhecê-lo, pelo menos no domingo de carnaval.
Bloco dos 100 mil
E pensar que um bloco possa aglutinar 100 mil pessoas, numa cidade, cuja população é de quase 50 mil habitantes não seria nada normal, não fosse o caráter democrático que o Bloco da Prainha, fundado há 38 anos por dona Mariza Queiroz Ribeiro e outras pessoas da comunidade do Magalhães, implantou em seus desfiles.
Mais história
O maior bloco do sul do país. Domingo de carnaval, por volta das 15h todos se encontram na Pracinha, todos!
Historicamente a última transição entre os bailes de salão e o carnaval de rua em Laguna começou lentamente a partir da década de 1980 com o incentivo do poder executivo em contratar carros de som ou trios elétricos para animar a festa no Jardim Calheiros da Graça, no centro.O auge desse estilo foi a contratação da banda baiana Caravelas que durante 3 anos animou o carnaval lagunense, compondo inclusive uma música para a cidade.
Nessa áurea de mudança, vai surgindo aquele que é considerado o maior bloco do sul do Brasil: Bloco da Pracinha. O bloco começou sua história no carnaval lagunense como uma simples farra de uma turma de amigos que se reunia na Praça Souza França, no coração do bairro de Magalhães, logo após o término do baile de domingo de carnaval da Sociedade Recreativa 3 de Maio. Entre os primeiros membros do bloco, podemos destacar: José Paulo Viana (saco de pão), Acary Palma (Jica), Olindino Fernandes da Cunha (lindo), Sérgio Farias Gomes (Minguifa), Valdir Martins (Pombão), Fernando Soares (Jaqueline), Hilton Morais (Toca), Josemar da Silva (Jôse), Dário Pereira (Darinho), Wilfredo M. de Souza (Rino), Antônio Carlos Rabelo (Cacá), Walter Fortunato Filho (Carneirinho), Antônio Carlos da Silva (Bronze), Ariosvaldo (Bada) e Douglas Clemente (Dogada), os dois últimos já falecidos.
A princípio o que eles queriam era dar uma movimentada naquela tarde de domingo de carnaval no final da década de 70, dar uma volta pelas redondezas fazendo batucada. A ideia inicial era criar um trajeto que terminasse na Fonte da Carioca. Convite feito, passaram para os detalhes técnicos, como horário de saída, definição do trajeto e organização da banda. Os foliões, fantasiados ou não, saíram da Praça Souza França subiram o conhecido morro da Nalha e chegaram na fonte.
Com o passar do tempo o trajeto foi alterado e a notícia que existia um bloco no domingo de carnaval em Laguna correu os quatro cantos. Ano após ano, o número de foliões foi aumentando. A Praça Souza França vira o ponto de saída de uma multidão para o balneário Mar Grosso. Grupos de amigos, familiares, turistas, veranistas, fantasiados ou não entram no clima do Bloco da Pracinha. Assim nasceu o Bloco da Pracinha que hoje se caracteriza por ser um Bloco que arrasta as pessoas por onde vai passando, contagiando a todos com sua animação.
A então pequena banda ou charanga que puxou o bloco em seu início foi substituída por potentes Trios Elétricos, para permitir que todos (ou quase todos) os seus foliões ouçam músicas dos mais variados ritmos.
Hoje o Bloco da Pracinha possui status de quase uma empresa, tamanha é a responsabilidade. Possui uma diretoria que é responsável por organizar o desfile na tarde de domingo. Estrutura, contratação de bandas, elaboração de abadás, concentração, segurança privada e pública, tudo passa pela diretoria do bloco. Na quinta feira de carnaval o bloco ainda elege sua musa e boneca em um evento que superlota a área da praça Souza França terminando com um grande baile público.
Em dados oficiais, a estimativa de quantidade de foliões que participam Bloco da Pracinha atinge fácil 100 mil pessoas, variando em alguns anos entre 150 e 200 mil integrantes. É sem dúvida o maior bloco do Sul do Brasil.
Datas importantes do Bloco da Pracinha:
• 1995: Waldir Sant’ana Junior como presidente do bloco, trouxe o primeiro trio elétrico para o desfile de domingo.
• 1996: Acontece o primeiro baile das bonecas, com desfiles de homens vestidos de mulheres. O desfile aconteceu na Praça Souza França e o presidente do bloco era Mario Mattos Carneiro.
• 1999: A partir dessa data, o presidente Anisio Bez altera para duas categorias o concurso do bloco: boneca e musa.
• 2008: Com Sérgio Farias Gomes (Minguifa) na presidência do bloco tem início o Primeiro Concurso de Marchinha de Carnaval do bloco da Pracinha. O evento ocorreu no mercado público municipal, sendo o vencedor Geraldo Cordeiro dos Santos (Barriguinha).
Os presidentes da Pracinha:
José Paulo Viana
João Batista Vicente
Waldy Sant’ana Júnior
Mario Mattos Carneiro
Anisio Bez
Olindino Fernandes da Cunha
Sérgio Farias Gomes
Antonio Carlos da Silva
(Com a colaboração de Rodrigo Bento e Revista Saber).
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