Geral

Hospital de Laguna completa 165 anos

Justo num momento de muita turbulência e preocupação, ainda assim, os lagunenses e moradores da região, vêem o Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos chegar hoje, 3, aos seus 165 anos de fundação, um caminho trilhado com todo o tipo de dificuldades.

História

O movimento para criação de um hospital em Laguna começou em meados do Século XIX. Os primeiros documentos datam de 1855, demonstrando intensa atividade de pessoas influentes, com o objetivo de dotarem a cidade de uma casa de saúde. O fruto deste trabalho surge oficialmente em três de abril de 1855, quando o Presidente João José Coutinho, da Província de Santa Catarina sancionou lei autorizando a criação do primeiro hospital do Sul do Estado, denominado São Francisco de Assis.

Em março de 1856, a comissão responsável alugou um depósito na Ponta do Bairro Magalhães. Para administrar a casa, devendo nela residir, foi contratado Alexandre José Mendes. O prédio já era velho, tendo o hospital ai funcionado durante dezesseis anos, procurando sua administração mantê-lo com higiene e conforto, apesar da falta de recursos. Tinha capacidade para dez doentes de cada sexo e, em casos excepcionais, quinze. O público-alvo eram os marinheiros não residentes em Laguna, os escravos e os pobres. Em 1858, houve epidemia de varíola e o improvisado hospital ficou superlotado. Sua primeira equipe era formada pelo médico Antônio Fernando da Costa, enfermeiros Joaquim de Souza Freitas e Luíza Maria de Moraes e pelo cozinheiro Luiz Fortunato José da Silva, que viria a ser demitido logo a seguir.

A comissão já vinha há tempos estudando uma maneira de construir um hospital novo. Como já possuía terreno em local favorável, começou, com muita disposição, campanha de arrecadação de recursos para iniciar a obra. A Irmandade Senhor Bom Jesus dos Passos, à qual pertenciam quase todos os membros da diretoria, teve papel decisivo nesta iniciativa.

A pedra fundamental do hospital a ser construído no Morro da Figueirinha foi colocada em 08/09/1879. A cerimônia, que deveria ter sido realizada na véspera, foi transferida em função do mau tempo. O vigário da Paróquia Santo Antônio, Manoel João Luiz da Silva, oficializou a bênção. A pedra foi colocada no ângulo sul, juntamente com uma caixa de madeira contendo outra de zinco, onde foram depositadas cópias da ata da solenidade e dos discursos das autoridades, exemplares dos jornais “O Município” e “A Verdade” e moedas de diversos valores.

Somente em 4 de setembro de 1884 a direção do hospital recebeu as chaves de parte do edifício. A bênção da capela e da ala sul foi ministrada pelo vigário de Jaguaruna, Pe. Miguel Pizzio, já que o da Laguna estava ausente. No dia seguinte, efetuou-se a transferência dos doentes do velho prédio alugado para a nova construção. A ala inaugurada tinha uma enfermaria com dez leitos e mais cinco quartos.

Em 1913, por insistência da Irmandade Senhor Bom Jesus dos Passos, as Irmãs da Congregação da Divina Providência assumiram a direção interna do hospital. A alimentação era quase toda produzida por elas – criavam suínos e aves e plantavam verduras e legumes. Naturalmente, estas atividades, além do atendimento de enfermagem, muito favoreceram a economia do estabelecimento e o acesso de número ainda maior de doentes. Somente nesta época é que foi instalada luz elétrica na casa.

Pelos idos de 1914, Dr. Aurélio Rótolo (pai do Dr. Aurélio Pinho Rótolo) passou a atender no hospital. Em 1918, a cidade foi atingida pela “gripe espanhola” – registrados cerca de três mil casos, com 130 óbitos. Como o hospital não tinha condições de atender a toda esta demanda, diversas entidades resolveram ajudar nos trabalhos de assistência às vítimas, notadamente a Loja Maçônica Fraternidade Lagunense e a primeira Escola de Escotismo da Laguna, chefiada por Renê Rollin, que viria a morrer vitimado pela gripe.

O número sempre crescente de indigentes provenientes de todo o Sul do Estado, atendidos gratuitamente, acabou sobrecarregando de tal maneira o orçamento do hospital, que a situação se tornou insustentável. Nos anos 20, as dificuldades chegaram a tal ponto, que a diretoria apelou ao Estado, pedindo urgente auxílio para não ter que fechar as portas. O Estado aceitou o pedido, em troca do direito de nomear a comissão administrativa, o que aconteceu durante muitos anos. Nos primeiros cinqüenta anos do Século XX, a instituição pouco progrediu. As instalações internas eram muito deficientes. Basta lembrar que, em 1950, ainda não havia água encanada nos quartos.

Em 1930, Dr. Aurélio Rótolo pediu demissão, sendo substituído pelo Dr. Osvaldo Espíndola. Desde 1931, era o Dr. Paulo Carneiro o médico do hospital. Em 1945, é a vez do pediatra Dr. Pedro Advíncula Torres de Miranda ser admitido. Em 1951, Dr. Aurélio Pinho Rótolo iniciou suas atividades. Neste mesmo ano, a diretoria fez veemente apelo à Prefeitura, solicitando a subvenção que não era paga há três anos.

Em 1954, foi melhorada a Lavanderia, com a aquisição de uma máquina de lavar roupas e, em 1955, é inaugurada a Maternidade. Com dez quartos, seu movimento permitiu a aquisição, em 1956, de mais duas máquinas de lavar e de uma incubadora. Em 1959, é inaugurada a atual capela. Em 1960, Dr. Aurélio arrendou ao hospital seu aparelho de Raio – X, mais tarde, a aparelhagem foi adquirida pela instituição.

Em 1961, Antônio Sebastião Teixeira e Adelino Waterkemper passaram a integrar a diretoria. Profunda cisterna foi construída e, em 1963, é adquirido gerador de luz. Em 1968, foi inaugurada a ala direita do hospital, com três pavimentos. Antônio Teixeira e Irmã Adriana muito se empenharam para o êxito do empreendimento. As demais alas do prédio atual, incluindo o anexo, também com cinco andares, somente seriam inauguradas nos anos 80, sempre sob a coordenação do sr. Teixeira.

Em 1979, as Irmãs da Congregação da Divina Providência são retiradas. Em seu lugar, assumem as Irmãs da Associação da Fraternidade e Esperança, que ali permaneceram até 1983. Em 1985, vieram as Irmãs Salvatorianas, que sairiam em 1991, assumindo a direção a própria Irmandade.

Em 2003, por determinação do Ministério Público, através de termo de ajustamento de conduta, o hospital foi transformado em associação, passando a ser administrado por comissão formada por associados contribuintes e natos (representantes da Irmandade, Prefeitura, Câmara de Vereadores e Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional), modelo de gestão ainda vigente.

Somente a partir do ano 2006, o Hospital começaria a viver melhores dias, com a reativação da Maternidade e Centro Cirúrgico, transferência do Serviço de Emergência para o atual espaço e implantação das alas psiquiátricas, do Serviço de Captação e Transplante de Córneas, das cirurgias por videolaparoscopia, do Serviço de Tomografia Computadorizada, dos Testes da Orelhinha e do Olhinho, da digitalização do Serviço de Radiologia, entre outros. Sem falar nas reformas, aquisição de equipamentos e na contratação de mais médicos e profissionais de várias especialidades. Tudo isso faz parte do planejamento estratégico da instituição e só tem sido possível, graças às inúmeras parcerias que o Hospital tem tido a felicidade e a competência de encontrar.

Diretoria e Conselho Fiscal Mandato 2019/2021

Diretoria

Eleita em 2019, a atual diretoria é formada pelo presidente, médico Fernando Pache, Vice-Presidente – Tatiana Mansur Blosfeld, 1ª Secretária – Cheyenne de Andrade Leandro, 2º. Secretário – Zeno Alano Vieira, 1º Tesoureiro – Silvio Barbosa de Castro e 2º Tesoureiro – Porfírio Santos Gomes.

Membros natos

Mauro Vargas Candemil (Prefeito Municipal de Laguna), Cleosmar Fernandes (Presidente da Câmara Municipal de Laguna), Patrik da Silva Paulino (Presidente da ACIL) e Nelson José Gomes Siqueira (Representante da Irmandade Senhor Bom Jesus dos Passos).

Conselho Fiscal

Rosinete Silveira Ramos, Maurício Moyses Menezes e Mario Manoel Portela Martins.

Deixe seu comentário