Ícone é termo, atualmente, associado às imagens que representam um elemento de interface para acesso a sistemas operacionais ou aplicativos. Com origem no termo grego eikón, ainda pode ser associado às pinturas de caráter religioso ou a usos específicos em semiologia, semiótica e linguística. No campo da Arquitetura, pode designar edificações emblemáticas, que representam, intencionalmente ou não, a imagem de territórios, cidades ou até países. Recentemente, tivemos uma experiência peculiar com uma edificação (ícone arquitetônico?) da capital paulista: o Museu de Arte de São Paulo. Concebido por uma pessoa imigrante do continente europeu que, assim como nosso colecionador-projetista Rau, buscou dar ares de Modernidade às terras brasileiras, o MASP de Lina Bo Bardi é suspenso por robusta estrutura vermelha a oito metros do solo, gerando um vão livre de 74 metros consolidado como ponto para realização de encontros, feiras, espetáculos, manifestações culturais e, em especial, políticas. Ocorre que, na noite de sexta-feira (11/10/24), recém-chegados para representar a UDESC Laguna em um evento, fomos surpreendidos, numa caminhada corriqueira pela Avenida Paulista, com tempestade e ventania mais forte registrada na capital, desde 1995 (107,6 km/h). Naquele exato momento, que incluiu um apagão geral de energia elétrica, nos tornamos “sem-teto” levados a usar o vão do MASP para aquela que é a função mais básica de qualquer arquitetura: ser abrigo. Enquanto tapumes e placas publicitárias voavam e ameaçavam nos atingir, empurrados em direção à escadaria de acesso, ouvíamos os vigilantes dizerem que não permitiriam uma possível invasão de nossa parte. Sob o vão, no escuro, ficamos por cerca de meia hora, enquanto pessoas chegavam bem-vestidas e encharcadas para um espetáculo, cujo nome, curiosamente, era “Candlelight”. A tempestade passou. O apagão continuou. Os estragos causados passaram a ser imediatamente usados pelos candidatos de segundo turno à prefeitura da maior metrópole brasileira, com novos temas invadindo o debate, tais como manutenção da vegetação urbana, privatização de serviços essenciais, adaptação às mudanças climáticas, impactos na mobilidade, entre outros tantos que envolvem o sempre surpreendente ambiente construído das cidades. Portanto, seja quem for o eleito, um gestor pretensamente icônico deverá ter sensibilidade e sabedoria para “buscar abrigo” sob conhecimentos de Arquitetura e Urbanismo. Tanto em Sampa quanto na Laguna.
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