Aquicultura e Pesca

Insetomania: a revolução nas rações

A coluna desta semana abordará um item que vem despertando interesse no universo das rações de peixes e camarões: insetos! Isso mesmo, o uso de insetos, na sua forma de farinha, como ingrediente na alimentação aquícola! Esta “descoberta” não é de hoje, haja visto que os insetos e suas formas jovens (larvas e pupas) são itens naturais na alimentação de diversas espécies de peixes e crustáceos.
Mas por que besouros, moscas e até mesmo baratas vem revolucionando a nutrição aquícola? As razões são diversas. A possibilidade de substituir itens caros como farinha de peixe e farelo de soja é uma delas. Nos últimos anos, a farinha de peixe (um dos itens mais relevante nas rações) chegou a alcançar no mercado internacional a cifra de US$2.000,00 dólares a tonelada! Recorde histórico! A soja chegou a alcançar mais de US$600,00 a tonelada! Mas questiona-se que esses ingredientes, num futuro não tão distante, serão de maior relevância para nutrição humana ou para rações com maior valor agregado (tais como rações para cães e gatos, como vem ocorrendo atualmente). Assim, como substituir tais itens sem comprometer a qualidade nutricional das rações? É aí que entram os insetos! Estes ingredientes ricos em proteína, gorduras, vitaminas, minerais e componentes que ajudam no sistema de defesa do animal, podem ser produzidos com baixíssimo custo, aproveitando de resíduos orgânicos tais como restos de frutas e verduras, por exemplo. Assim, produzir insetos ajuda o meio ambiente! E pasmem: foi descoberto que uma espécie de besouro (Tenebrio molitor) é até capaz de digerir plástico e isopor! Imaginem! Transformar toneladas de lixo em insetos, e que ainda servirão de alimento para produzir proteína de altíssima qualidade (peixes ou camarões)!!!
Em relação ao custo de produção, estima-se que em larga escala poderá ser possível produzir uma tonelada de inseto por menos de US$500/ton. Hoje no Brasil existem algumas empresas que se dedicam a produzir insetos in natura, secos e farinhas, registrados e certificados, destinado ao seleto mercado de aves ornamentais e de canto.
Pesquisas recentes do Laboratório de Aquicultura (LAQ) e do Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos (LANOA), da UDESC-Laguna, em conjunto com a UNIBAVE-Orleans, demonstraram ser possível incluir de 5 a 20% de insetos na dietas de peixes e camarões, sem prejudicar a sobrevivência e o desempenho dos animais. Isso representa uma economia muito grande de outros ingredientes! O futuro está aí, e os insetos certamente estarão presentes!

Por:
Prof. Dr. Eduardo Guilherme Gentil de Farias, Engenheiro de Pesca
Prof. Dr. Giovanni Lemos de Mello, Engenheiro de Aquicultura
Prof. Dr. Jorge Luiz Rodrigues Filho, Biólogo
Prof. Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano, Zootecnista
aquicultura.pesca@gmail.com

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