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Invisibilidade social vira tema de projeto de extensão

Acadêmicos do primeiro semestre de Jornalismo da Unisul, campus de Tubarão, supervisionados pela Professora Heloisa Juncklaus P. Moraes, estão desenvolvendo o projeto de extensão “A invisibilidade social também é violência. Que humanos somos?”. A intenção do projeto é colocar a situação dos moradores de rua e sua invisibilidade social como uma forma de violência simbólica.
Como o número de alunos em sala de aula é grande e os alunos oriundos de diferentes cidades da região, cada grupo ficou responsável pela pesquisa em um município. A tarefa é coletar dados, reunir informações com órgãos públicos e, principalmente, gravar entrevistas com os próprios moradores de rua, para a produção de reportagens que possam ter espaço nas mídias locais e que gerem a discussão sobre o tema. Tubarão, Laguna, Imbituba e Criciúma são as cidades escolhidas para a pesquisa e os alunos precisam elaborar um vídeo, relatando as ações desenvolvidas, que será apresentado aos alunos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda no dia cinco de junho.
A professora Heloisa Moraes diz que o projeto de extensão é uma ótima oportunidade de mobilizar, na prática, os conceitos trabalhados teoricamente em sala de aula e acrescenta que os alunos de Jornalismo têm buscado planejar e executar estratégias para estimular a reflexão da sociedade, um dos papéis importantes à profissão. “Trabalhar com o primeiro semestre é sempre uma motivação, pois estão descobrindo todas as potencialidades do campo profissional e, ainda que não estejam preparados para todos os desafios, é o interesse, a mobilização, a dedicação e o engajamento que fazem a diferença no resultado final. Como também farão depois, quando se tornarem profissionais da área”, destaca a professora.
Para a aluna Beatriz Godoy Taveira, o projeto é uma ótima experiência. “O tema nunca está em pauta quando discutimos os problemas sociais do Brasil e acho importante termos a oportunidade de transmitir isso às pessoas, para que elas possam também ter consciência do descaso e indiferença com que os moradores de rua são tratados”. A caloura de Jornalismo afirma que está aprendendo muito e passando por um choque de realidade. “Todos nós temos uma parcela de culpa quando se trata de invisibilidade social”, destaca.
Vários veículos de comunicação das cidades da região (entre eles, o Jornal de Laguna) já foram contatados para a divulgação do projeto e discussão sobre o tema. As discussões serão levadas a algumas escolas também. Interessante ressaltar que os alunos estão explorando esta realidade em cada município para ter embasamento sobre a reflexão.

Um pouco mais de humanidade

*Por Kamila Melo

Todos os dias cruzamos com várias pessoas e, muitas vezes, nem nos damos conta. Há aquelas que passam atrasadas, apressadas para chegar ao trabalho. Outras estão imersas no mundo tecnológico, enxergando apenas telas de celulares. E existem aquelas que sempre estão ali, nas calçadas dormindo em cima de jornais, sendo, quase sempre invisíveis aos olhos humanos. Essa cena é comum e também triste. Trata-se de uma invisibilidade social, pois embora tenhamos consciência que ali vive alguém, evitamos qualquer contato e passamos de largo evitando até olhar a distância. Em geral, essa é a reação da sociedade diante de um ser humano que por algum motivo tornou-se um morador de rua.
Todos eles têm a sua história e os motivos que os levaram a viver esta vida. Um dia também já tiveram uma família, um lar, um conforto. Eles são seres humanos, iguais a mim, iguais a você. E por qual motivo agimos com tanta indiferença para com eles? Por que temos medo? Por que não damos pelo menos um bom dia? Talvez seja porque desde cedo nossos pais, ao se depararem com um mendigo, já vão nos puxando, com receio do que ele poderia fazer. Ou porque a sociedade impõe ou educa a gente a olhar essas pessoas com outros olhos. Será que realmente cabe a você ou a mim julgar isso?
Violência não é só agredir ou xingar uma pessoa. É também menosprezar e ignorar. É olhar um morador de rua como um ser inferior e por ele às margens da sociedade. Tratando-o, não como ser humano, mas como um ser invisível, que muitas vezes, mesmo possuindo os mesmos direitos que todos temos, isso lhe é negado. Afinal, se um morador de rua, for com suas roupas surradas para um hospital, certamente ele será tratado diferente, mesmo ele tendo esse direito.
O que falta para os humanos é um pouco de humanidade. De ter a audácia de agir com empatia para com pessoas tão humildes. Todos somos iguais, todos temos direitos. Como deixa claro a Declaração dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”.

(*Acadêmica do 1º semestre de Jornalismo, Unisul)

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