Nasceu em 30 de setembro de 1806, em Laguna. Filho de Antônio Francisco Coelho (Juiz Ordinário da Câmara de Laguna) e de Francisca Lina do Espírito Santo Coelho. Os avós eram portugueses. O paterno, natural de Porto, também Juiz Ordinário da Câmara de Laguna e Capitão-mor; a avó natural do Arquipélago dos Açores. Ambos faleceram antes de 1812. O avô materno era o Alferes de Milícias Lino dos Santos, natural do Porto.
Jerônimo tinha três anos de idade quando sua família mudou de Laguna para a Corte Imperial, no Rio de Janeiro/RJ (1809). Em 1813, a família seguiu para a Província do Ceará/CE, onde o pai foi nomeado Comandante de um Corpo de Infantaria e, ao mesmo tempo, Inspetor das Tropas. Nessa província assentou Praça de 1º Cadete na Companhia de Artilharia, em 17 de dezembro de 1813.
Realizou os estudos primários de latim com o padre-mestre Florêncio Alves de Macedo Pereira e de filosofia racional e moral, com o padre-mestre Frei José Policarpo, além de outros diferentes preparatórios, como francês, inglês, etc. Seu pai adoeceu gravemente e retornaram para a Corte (1815). Assim, ficou excluído da praça. Após três meses, o pai faleceu. O tio, João Francisco Coelho, encarregou-se da educação de Jerônimo, entregando-o aos cuidados do padre-mestre Florêncio Alves de Macedo Pereira, um dos grandes professores de latim daquele tempo; porém, o tio também faleceu três meses depois. A mãe assumiu sua educação, mantida com o mesmo professor. Novamente assentou Praça no Regimento de Artilharia da Corte, a 16 de fevereiro de 1816.
Matriculou-se na extinta Academia Imperial Militar, em 8 de março de 1820, e se graduou em Matemática e Engenharia, na mesma Academia.
Recebeu as promoções de: 2o Tenente (23 de fevereiro de 1823), Capitão (12 de outubro de 1824), Major do Corpo de Engenheiros (13 de setembro de 1837), Tenente-Coronel (7 de setembro de 1842), Coronel (14 de março de 1847), e Brigadeiro do Exército Brasileiro (14 de março de 1855). Era Capitão quando integrou a Comissão Apuradora do Comportamento de Oficiais Estrangeiros Incluídos no Exército Brasileiro, que tinha por objetivo pesquisar aqueles que haviam aderido ou não a Independência.
Em dezembro de 1827, casou com Emília Carolina da Costa Barros (filha do Tenente-Coronel Francisco da Costa Barros e de Antônia Caetana Ferreira) e tiveram os filhos: Jerônimo Francisco Coelho Júnior, José Francisco Coelho (Tenente-General) e Francisca ou Jerônima Francisca Coelho. Depois da abdicação de Dom Pedro I, em 7 de abril de 1831, na capital da Província de Santa Catarina, em Desterro (atual Florianópolis), com o 2° Corpo de Artilharia, introduziu o prelo (aparelho manual ou mecânico de impressão gráfica), que permitiu a impressão do primeiro jornal em Santa Catarina: O Catarinense. Por essa razão é considerado o fundador da imprensa catarinense. Embora de curta duração, o semanário inaugurou o jornalismo no Estado. A primeira edição circulou em 28 de julho de 1831. Os poucos exemplares existentes estão na Fundação Biblioteca Nacional (no Rio de Janeiro) e na Biblioteca Pública de Santa Catarina. O maquinário usado para imprimi-los está no Museu Anita Garibaldi, em Laguna. Em 1832 lançou um segundo jornal: O Expositor. Líder do Partido Liberal de Desterro. Fundador da Loja Maçônica Concórdia (1831), a primeira de Santa Catarina, e da Sociedade Patriótica Catarinense (1832), além de ter sido presidente dessa última. A 8 de Janeiro de 1834, transferido para o Rio de Janeiro; regressou pouco depois e ficou à disposição do Presidente da Província catarinense. Deputado eleito para a Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina, na 1ª Legislatura (1835-1837) integrou a Mesa Diretora, como 1° Secretário (em 1835), e licenciou-se em 27 de dezembro de 1835. Novamente eleito Deputado para a mesma Assembleia, na 2ª Legislatura (1838-1839), não tomou posse.Em 5 de abril de 1839, nomeado Vice-Presidente da Província de Santa Catarina. Eleito Deputado para a Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina mais três vezes: na 3ªLegislatura (1840-1841), presidiu a Assembleia (1841); na 4ª Legislatura (1842-1843), eleito com 62 votos, ausentou-se em 1842; e na 5ª Legislatura (1844-1845), eleito com 53 votos. Por carta imperial de 16 de fevereiro de 1844, recebeu o título de Conselheiro do Imperador. Assumiu, ao mesmo tempo, os cargos de Ministro da Marinha e da Guerra do Brasil, no quarto Gabinete Ministerial de Dom Pedro II. Permaneceu como Ministro da Marinha de 2 de fevereiro de 1844 a 23 de maio de 1844, e do Exército, de 2 de fevereiro de 1844 a 26 de maio de 1845. Por sua atuação é considerado um destacado político catarinense do século XIX, tanto no Poder Executivo quanto no Ministério da Guerra, onde trabalhou para reestabelecer a paz e redigiu, de próprio punho, as instruções de 18 de dezembro de 1844 que levaram a pacificação material e moral à Província do Rio Grande do Sul/RS, mergulhada por nove anos em guerra civil (1835-1845), causada pela Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos. Reeleito Deputado para a Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina, integrou a 6ªLegislatura (1846-1847). Em 1846 trabalhou na demarcação das terras da futura colônia Dona Francisca (atual cidade de Joinville) e parte do território do distrito de Parati (atual cidade de Araquari/SC), e pronunciou o Discurso dos Horácios e dos Curiácios, de grande repercussão. Como Presidente e Comandante das Armas da Província do Pará/PA (de 1º de março de 1848 a 1º de agosto de 1850), enfrentou o incidente fronteiriço da Guiana Francesa, quando, em princípios de 1850, os franceses tentaram uma segunda ocupação do Amapá/AP, mas sem sucesso. Deixou a província em 31 de outubro de 1850, porque pediu exoneração dos cargos exercidos. Quando os liberais voltaram ao poder na província (hoje Estado), Jerônimo obteve 26 votos para Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina, à 9ª Legislatura (1852-1853), ficou na suplência e foi convocado, mas não tomou posse por exercer função no plano nacional. Ficou na Direção: da Fábrica de Pólvora de Estrela (cargo exercido até junho de 1854); do Arsenal de Guerra da Corte (até setembro de 1855); e da Escola da Aplicação do Exército.
Em 20 de fevereiro de 1856, nomeado Presidente e Comandante das Armas da Província do Rio Grande do Sul, desempenhou as funções de 28 de abril de 1856 a 8 de março de 1857. Entre várias providências administrativas, determinou estudo, orçamento e início da estrada entre Porto Alegre/RS e Laguna/SC, e recomendou sondagens e pesquisas na região carbonífera gaúcha, além de exames do material nela encontrado. Deixou Porto Alegre em 13 de março de 1857. Tornou a ocupar o Ministério da Guerra, em 4 de maio de 1857, no gabinete de Pedro de Araújo Lima. Porém, adoeceu e entregou temporariamente o cargo ao Conselheiro José Antônio Saraiva, em 10 de julho de 1858, que era Ministro da Marinha. Deixou o ministério em 11 de dezembro de 1858.
Foi nomeado e tomou posse como Vogal do Supremo Tribunal Militar de Justiça.
Sentindo agravar seu estado de saúde, licenciou-se e mudou-se para Nova Friburgo/RJ, onde faleceu em 16 de janeiro de 1860. A obra literária de Jerônimo foi principalmente jornalística, além de discursos, trabalhos profissionais, pareceres e relatórios, produziu no campo literário. Membro da Academia Catarinense de Letras (Cadeira 17) e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Escreveu um Hino de Santa Catarina.
Jerônimo Francisco Coelho teve dois tios envolvidos na política catarinense: José Francisco Coelho, Conselheiro Geral da Província (1824-1828), Deputado à Assembleia Legislativa Provincial (1835-1837) – nesta Legislatura atuaram juntos, e candidato a Senador pela Província de Santa Catarina; e Jerônimo Francisco Coelho (Padre), Conselheiro Geral da Província (1824-1828).
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