Disposta a explorar o velho continente, a lagunense Gabriela Besen Pedroso, daqui alguns dias, na companhia do marido, Marcelo Januário, encara o desafio de viver em outro país. Após conseguir a cidadania luxemburguesa, o casal parte em busca de novas oportunidades profissionais, estudos e mais qualidade de vida.
Foi por intermédio de uma tia, no segundo semestre de 2018, que Gabriela soube que o governo de Luxemburgo, pequeno país que faz fronteira com a Alemanha, Bélgica e França, havia afrouxado as regras para obtenção da cidadania: “Era uma oportunidade temporária, uma vez que valeria até o final daquele ano. Toda a família materna (minha mãe, meus tios e primos) reuniu a documentação, que incluía os registros da nossa ancestral luxemburguesa, minha tataravó. Achávamos até então que a descendência era alemã, mas fomos surpreendidos com essa novidade”, explica.
Após o envio de todos os papéis necessários e um período de espera, já em 2019, o governo do país retornou a declaração: “Sinalizaram que teríamos direito à cidadania, e que para isso precisaríamos cumprir uma segunda fase. Ir a Luxemburgo pessoalmente, entregar mais alguns documentos e assinar o requerimento. Por sorte, eu e meu esposo fomos em fevereiro do ano passado, um pouco antes do fechamento das fronteiras”.
Com a declaração de cidadania em mãos, Gabriela prontamente fez, além de planos, seu passaporte, identidade luxemburguesa: “A sementinha de morar fora já havia sido plantada quando surgiu a possibilidade de obter a cidadania. Naquela época combinamos que, se desse tudo certo, pensaríamos seriamente sobre o assunto. A eleição de 2018 também foi um fator bem importante e a vontade de começar uma nova vida em outro país só foi crescendo. Em fevereiro de 2020, quando voltamos da viagem, já estávamos decididos, e estabelecemos o prazo de um ano para fazer com que a mudança acontecesse. E tudo deu certo”.
Nós últimos meses, em meio ao cenário pandêmico, o casal começou a se desfazer dos bens e deixar os empregos: “Vendemos o carro, o apartamento e a maioria das coisas de casa que poderiam ter algum valor. Eu sai do meu emprego no final de fevereiro e o Marcelo, que era sócio e diretor de Tecnologia em uma empresa de portaria remota, vendeu a parte dele e se desvinculou também no final do mês passado”.
No quesito preparativos, a lista foi e ainda está sendo extensa: “Após a viagem, a primeira coisa que fizemos quando chegamos ao Brasil, foi nos matricularmos no curso de Francês, que é uma das línguas oficiais de Luxemburgo. O inglês já abre muitas portas por lá, mas é essencial saber pelo menos o francês básico. A segunda foi descobrir como levar os nossos três gatos conosco, já que não havia a menor possibilidade de deixá-los. Essa foi a parte mais complicada e demorada, pois existem vários procedimentos burocráticos. Para levar um pet para fora é bom começar a providenciar tudo com pelo menos 4 a 6 meses de antecedência. Claro, além disso é necessário levar vários documentos com tradução juramentada, e alguns apostilados em cartório, como certidões de nascimento e casamento, por exemplo”.
Sobre os diferenciais que encontrará por lá, a lagunense cita alguns os quais já sabe: “O transporte público é gratuito no país todo, para incentivar a redução do uso de carros. Outra coisa que nos surpreendeu foi a quantidade de línguas que os luxemburgueses falam. As crianças já aprendem três idiomas no começo da vida escolar: O Luxemburguês, o Francês e o Alemão, e a média de línguas faladas por pessoa varia de quatro a seis. Também ficamos muito surpresos com a quantidade de pessoas que falam português. Descobrimos que isso se deve à grande quantidade de imigrantes portugueses. O que também nos impressionou, foi o salário mínimo pago em Luxemburgo, que está entre um dos maiores salários mínimos do mundo”.
Desde outubro, Gabriela já está se dedicando ao mestrado em Escrita Criativa, tudo de forma on-line: “É um Master of Arts in Creative Writing, pela Open University, uma universidade britânica. É um mestrado em Escrita Criativa, com área de concentração em Ficção, a minha grande paixão. Por conta da pandemia está sendo possível fazê-lo inteiramente à distância, o que exige muita disciplina. Estou adorando tudo, mas é bem trabalhoso, como qualquer mestrado. Tenho uma quantidade absurda de conteúdo para estudar e claro, desenvolver a minha habilidade de escrita em outra língua é um desafio à parte”.
Sobre os sentimentos às vésperas da viagem, um misto deles vem à tona: “ Uma mistura de alívio com empolgação. Alívio por que é a conclusão de uma etapa da nossa vida que vem sendo preparada há mais de um ano, e empolgação porque vamos começar uma nova jornada. Sinceramente não sei o que vou encontrar. Estamos indo com a mente aberta e prontos para o que a vida nos reservar. Acredito que vamos sim, passar por perrengues e dificuldades, e temos plena consciência de que não estamos indo de férias. Ao mesmo tempo, eu sou uma sonhadora incurável, e esse meu lado está louco para saber que novas aventuras nos aguardam no velho continente”.
Para compartilhar as experiências e vivencias, o casal está montando um canal no YouTube que promete registros interessantes e divertidos. Basta acessar http://bit.ly/nao-entre-em-panico