Aquicultura e Pesca

Lambari: O “peixe-rei” das águas interiores

A coluna desta semana destaca,como já feito em edições anteriores, espécies com potencial para atender nichos de mercado e que pode se tornar uma alternativa para os cultivos no Brasil, e por que não, no sul catarinense: o lambari ou “piava” como é conhecido em nossa região.
Mas por que cultivar o lambari, também considerado uma espécie análoga ao famoso e muito apreciado “peixe-rei” (Odontesthes sp.) encontrado no litoral do sul do Brasil? Existem algumas razões e vamos abordá-las. Uma das razões é por ser muito apreciado na culinária. Esta espécie que tempos atrás era considerado uma invasora nos viveiros de piscicultura, atualmente é vista como uma iguaria em bares e restaurantes, principalmente no estado de São Paulo. Lá não é difícil encontrar porções de 400g vendidos nestes estabelecimentos por R$30,00 ou mais a porção. Isso converte em mais de R$80,00/kg!!! Este mercado promissor na forma de petisco pode ainda ser extrapolado e industrializado na forma de conserva. Adicionalmente, uma outra opção é a de isca-viva para a pesca esportiva. Por conta disso, sua produção, segundo a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) foi alavancado e estimada hoje em aproximadamente 30 milhões de unidades/ano. Outro foco de atenção ao lambari foi como isca-viva na pesca industrial de atuns, bonitos e afins, substituindo as sardinhas e espécies correlatas. Alguns estudos já foram realizados com resultados promissores.

Lambari

Exemplar de lambari-do-rabo-amarelo, Astyanaxaltiparanae, umas das espécies encontradas na nossa região (Fonte: www.aptaregional.sp.gov.br)

Mas para que tudo isso ocorra e se obtenha disponibilidade de animais é necessário seu cultivo. Características importantes como biologia da espécie, reprodução, nutrição e manejo tem sido bastante estudadas. Esta espécie possui grande potencial, tanto para criações em pequenas propriedades rurais com mão-de-obra familiar ou local, como para criações comerciais mais intensivas. É uma espécie que se alimenta “de tudo um pouco” ou “onívora”, o termo técnico para este hábito. Em toda coluna d’água busca itens alimentares tais como sementes, frutos, gramíneas, algas, larvas e insetos aquáticos e terrestres, além é claro da ração comercial. Possui facilidade para obtenção de formas jovens (alevinos) e ainda apresenta bom crescimento, atingindo peso comercial (10-15 g) em aproximadamente três a quatro meses.
O lambari apresenta ainda uma ótima adaptação ao clima do sul do Brasil. Este peixe é abundante nos rios e lagos brasileiros, inclusive do sul do Brasil, distribuindo-se desde o sul do EUA até a Argentina. Alguns estudos demonstraram crescimento da espécie com temperatura próximo aos 20ºC, onde várias espécies cessariam sua alimentação e interromperiam o crescimento. Assim, o lambari é uma espécie bastante interessante para povoar viveiros no sul do Brasil e é questão de tempo para que isso ocorra. Eita peixinho dinâmico e promissor!

Por:
Prof. Dr. Eduardo Guilherme Gentil de Farias, Engenheiro de Pesca
Prof. Dr. Giovanni Lemos de Mello, Engenheiro de Aquicultura
Prof. Dr. Jorge Luiz Rodrigues Filho, Biólogo
Prof. Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano, Zootecnista
aquicultura.pesca@gmail.com

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