★14/08/1940
✝20/11/2020
É público e notório que a terra de Anita está rodeada de personagens que contribuem ou contribuíram para a valorização sócio-cultural de nossa história. E falar de Laguna e não falar de “Glorinha”, que nos deixou na última sexta-feira, 20, como era carinhosamente chamada, é lembrar que há há mais de 40 anos essa artista já levava seu canto aos lagunenses e turistas que tomavam conta da praia do Mar Grosso. Ela nasceu Maria da Glória Barreto, na comunidade pesqueira de Ponta da Barra, numa casa no alto do morro, em 14 de agosto de 1940, filha dos lagunenses, o pescador Braz da Silva Barreto e da funcionária pública Custódia Madalena, ambos, filhos e netos de origem açoriana. Glorinha era daquelas pessoas que tinham e têm muito orgulho de aqui ter nascido. Por conta do trabalho de pescador de seu pai, quando pequena mudou-se para o Ribeirão Grande, terra natal deles, e só na adolescência é que, junto com os seus nove irmãos, veio para o Campo de Fora e dali para o Magalhães. Desde pequena teve de trabalhar com seu pai, até para auxiliar no sustento da família, até porque era a filha mais velha. Trabalhou no comércio e, com esforço concluiu seus estudos na hoje Escola de Ensino Médio Almirante Lamego, formando-se no Magistério. Na década de 70, à convite do inesquecível diretor Edio Silva de Oliveira, ingressou no serviço público, atuando no antigo CCL – Colégio Comercial Lagunense, e lá formou um grupo musical (Conjunto do CCL) com seus colegas de trabalho, e que se apresentava nos mais diversos eventos culturais da escola, da cidade e até fora dela, fosse em festas em casas de famílias, fosse em locais públicos, sempre proporcionando alegria e diversão para nossa gente, tornando-se a precursora da música ao vivo na praia do Mar Grosso e mais do que isso, ficando conhecida como a “madrinha do samba”, claro com o “Regional da Glorinha”. De voz aguda marcante, ela interpretava os sambas e boleros mais populares, indo de Noel Rosa e Clara Nunes e passando por todos os segmentos da boa música, isso sem ter frequentado entidade especializada. Mas nós também não podemos esquecer que junto com o seu pai, o velho Braz, também de saudosa memória, durante muitos anos ela interpretou o samba enredo da Escola de Samba Os Bem Amados, aliás tendo conquistado um dos títulos com o tema “Muito além do Arco-Iris”, depois na Democratas com o tema “Na terra do já teve, não tem” e por último na Mocidade Independente Viúva do não menos conhecido Sidney Pegorara, que era amigo de todos e com quem, teve dois filhos – Denise e Sidney Junior, que lhes deram os netos Guilherme e Ana Clara, sempre encontrou força para alegrar as platéias, comandando inclusive, o “bloco Barreto” que virou tradição no baile de carnaval, no Clube 3 de Maio, reunindo um grande público junto a churrascaria do clube, que brincava até o amanhecer ouvindo o bloco, na verdade, tudo em família.
Foi sepultada no Cemitério da Irmandade, no sábado pela manhã.