Geral

“Morte dolorosa!”

“Morte, não te orgulhes, embora alguns te provem

Poderosa, temível, pois não és assim.

Pobre morte: não poderás matar-me a mim,

E os que presumes que derrubaste, não morrem.

Se tuas imagens, sono e repouso, nos podem

Dar prazer, quem sabe mais nos darás? Enfim,

Descansar corpos, liberar almas, é ruim?

Por isso, cedo os melhores homens te escolhem.

És escrava do fado, de reis, do suicida;

Com guerras, veneno, doença hás de conviver;

Ópios e mágicas também têm teu poder

De fazer dormir. E te inflas envaidecida?

Após curto sono, acorda eterno o que jaz,

E a morte já não é; morte, tu morrerás.” (John Donne).

Estamos todos comovidos e chocados com a morte do Magnífico Reitor Professor LUIZ CARLOS CANCELLIER. Escrevo estas palavras com lágrimas. Rasgam o coração, rasgam a alma, rasgam o corpo. Não morre com o Professor Cancellier somente o Professor, o amigo, o amante de Santa Catarina, mas sobretudo um pedaço do Estado e da Cidade, uma substância dinâmica da vida do Estado, já hoje implorando por lideranças, pedindo talentos, suplicando grandezas e gestos de amor.

O Poeta Pablo Neruda, certa feita, disse que um amigo morto era como um carvalho tombado no meio da casa. Eu não me acostumo à idéia de que esse carvalho seja uma criatura tão sem defeitos como o nosso querido Cao. O Estado de Santa Catarina, a partir de hoje, está menor, perdeu uma grande parcela de sua expressão humana. É como se Tubarão, Laguna, Florianópolis e Santa Catarina inteira fossem tragados pelo mar bravio.

O Professor Cancellier era um verdadeiro Cavalheiro Amoroso, sempre tinha um sorriso no rosto e uma palavra de afeto e carinho para os amigos. Tive a grata ventura de gozar e privar da amizade deste Irmão amoroso que hoje deixa este “Vale de Lágrimas” para habitar o Reino dos Bem-Aventurados.

O que nos conforta é a certeza de que a morte não é o fim, mas o grande início do reencontro definitivo com o Criador. Fernando Pessoa dizia que morrer é continuar.

Com um verso de Fernando Pessoa, deixo o meu preito de saudade e o meu abraço solidário aos familiares do Professor Cancellier, com o sentimento de que um dia estaremos junto na Grande Festa da Ressureição:

“Não haverá

Além da morte e da imortalidade

Qualquer coisa maior? Ah, deve haver”.

Receba um forte e fraterno abraço maranhense e renovador”.

*Por Georgino Melo e Silva – Procurador Federal em Santa Catarina.

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