Política

O legado de Luiz Henrique

*Eduardo Pinho Moreira

Em 2002, quando o então prefeito de Joinville me convidou a integrar um projeto de candidatura ao Governo do Estado na condição de seu candidato a vice-governador, Luiz Henrique estava certo das possibilidades de levar por toda Santa Catarina um projeto inovador. Ele queria melhorar a vida das pessoas, transformar, reformar as diretrizes políticas de nosso Estado, enfrentar o mar impossível e construir um projeto que de fato fizesse a diferença, colocando Santa Catarina nos patamares mais elevados de desenvolvimento. Começava assim a nossa caminhada. Ele tinha um sonho, o sonho de descentralizar o poder dando voz à sociedade. Um projeto inovador. Na campanha de primeiro turno, participamos de comícios com menos de dez pessoas em cidades onde a poeira tomava conta de todas as ruas, onde as crianças corriam descalças no caminho para a escola. Não importava quantas pessoas estivessem nos comícios ou reuniões, Luiz Henrique falava com a mesma empolgação. Nós iríamos levar asfalto, saúde, desenvolvimentos a todo os cantos e recantos de Santa Catarina, por meio da descentralização. Passaram-se treze anos. Muitos se somaram ao projeto de Luiz Henrique e o maior reconhecimento apresentou-se em todas as eleições que ocorreram desde então. A sociedade ganhou voz, o asfalto de fato chegou aos 295 municípios de nosso Estado, Santa Catarina conseguiu em poucos anos dobrar sua economia, como se tivesse acontecido um novo estado em oito anos. Triplicou a receita, sem aumentar impostos. Criou um novo modelo de Governo, um novo modelo de fazer política. Nessa gestão, por exemplo, há cerca de 60 ações do Governo do Estado em Laguna. A mais significava pelos benefícios diretos à população é a implantação da rede coletora da Casan, um investimento de quase R$ 40 milhões. Outro exemplo é a pavimentação de trechos de ruas como a Travessa Grão Pará, uma obra de R$ 200 mil. Luiz Henrique tinha um carinho especial pelo município, sabendo inclusive cantar seu hino. Como senador, também queria descentralizar o Brasil, impor um modelo mais justo e igualitário para toda a sociedade. Queria agir diante do colapso do cenário nacional. Clamava pela reforma política e tributária. Trabalhava em prol de cada cidadão. E em nível partidário, era o conciliador, o amigo, conselheiro e um articulador respeitado em todos os corredores políticos. Muitos já o definiam como o Ulysses Guimarães dos tempos modernos. Sua forte atuação em Santa Catarina e no Congresso Nacional escreveram seu nome na história recente do País. Na noite anterior ao seu falecimento, talvez inconscientemente, mas já em tom de despedida, conversamos sobre essa história, sobre o início, sobre as realizações, sobre o futuro do Brasil e do Estado. E principalmente sobre o MDB, como fazia questão de chamar o partido. Ele me ensinou os caminhos a serem seguidos, pautados pela unidade e o fortalecimento partidário. E no dia seguinte, o peito em que tantas vezes colou o 15, do PMDB, o traiu. E por ironia do destino foi às 15 horas e 15 minutos do dia 10 de maio de 2015 que ele nos deixou. Destino que agora devemos seguir. Luiz Henrique tinha espírito público, exerceu com plenitude a sua vocação, a vocação pela vida pública. Sua missão foi cumprida. A nossa é manter vivo seu legado, honrar seus desejos e seguir o seu exemplo, pelo Brasil e POR TODA SANTA CATARINA.

*Vice-governador e presidente licenciado do PMDB/SC

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