O verão está chegando. Junto com a estação mais quente e feliz do ano, a nossa cidade muda completamente e é tomada por uma enxurrada de turistas. As ruas ficam movimentadas, a praia fica cheia e a orla preenchida por transeuntes e ciclistas em um constante vai e vem. Este ano existe uma previsão de mais turistas virem a nossa região, decorrente do funcionamento da ponte Anita Garibaldi. Os mais otimistas apostam em milhares de pessoas na cidade. Isto seria muito bom para a economia local: todos faturam mais, do vendedor de coco na praia até a rede hoteleira. Por outro lado, com o aumento populacional alguns problemas já crônicos de nossa cidade se tornam mais acentuados. Um destes problemas é a geração de lixo e o seu descarte inapropriado. Basta dar uma caminhada na praia do Mar Grosso para constatar este problema. Latas, garrafas, copos e embalagens plásticas, camisinhas, pilhas, pentes, óculos, enfim, um mundaréu de coisas jogadas ao léu. O pior de tudo é que invariavelmente vemos pessoas jogando seu lixo na cara dura. Um dos pontos que mais vemos isto acontecer, é nas pedras que separam as praias do Mar Grosso e do Iró. O lugar é lindo e quem vai ali é para curtir o visual. O ato de contemplar a natureza, muitas vezes é acompanhado por uma vontade de beber algo. Até ai tudo legal e prazeroso: não pagar nada para ver um espetáculo para poucos e ainda beber algo que lhe agrade. O que não dá para entender é como que o caboclo(a) vai em um lugar para curtir e deixa seu lixo ali. Isto é um baita contrassenso… Feito este desabafo, vamos direcionar a coluna para o foco central dela: Aquicultura & Pesca. Você sabia que os fragmentos de plásticos formam uma “sopa” em nossos mares e que são uma grande ameaça à vida marinha? Um importante estudo realizado pela Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica documentou mais de 600 espécies, variando de micro-organismos às baleias, afetadas por resíduos de plástico. A ingestão acidental destes resíduos causa muitos efeitos negativos aos organismos, tais como bloqueio físico no intestino, danos a orgãos como o fígado, decorrentes dos químicos e transmissão das toxinas dos plásticos via cadeia alimentar para vertebrados superiores (ex: seres humanos). Os impactos apontados influenciam negativamente na quantidade e na qualidade de pescados. Ao longo dos últimos 50 anos a quantidade de peixes diminuiu nos mares do mundo, enquanto as concentrações de detritos de plástico veem subindo vertiginosamente. Estas informações são estarrecedoras, mas devem ser utilizadas como um fator de mudança e conscientização. Parece bobeira, mas aquele lixinho que é deixado na praia é causador de uma série de problemas ambientais. Recolha o seu lixo! Aliás, como o espaço é público e de todos, sinta-se à vontade para fazer seu papel na vigília de nossas praias. Cobre com educação e bom senso àqueles que não estão fazendo as coisas de forma adequada. A natureza agradece…
Por:
Prof. Dr. Eduardo Guilherme Gentil de Farias, Engenheiro de Pesca
Prof. Dr. Giovanni Lemos de Mello, Engenheiro de Aquicultura
Prof. Dr. Jorge Luiz Rodrigues Filho, Biólogo
Prof. Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano, Zootecnista
aquicultura.pesca@gmail.com