“Você está na Rádio Difusora de Laguna, ZYJ-767, AM 1160 kHz, 1000 quilowatts de potência, uma emissora da Rede HS”
Todo dia ouvimos este prefixo em versões diferentes. Mas você sabia que a história da ZYJ-767 começou há muito tempo, quando seu prefixo (ou indicativo de chamada) era: “ZYH-6 – Rádio Difusora de Laguna Sociedade Limitada, a mais potente do sul!”
Entre os anos de 1942 e 1943, depois de passar por rádios do sul, especialmente a PRB-2 Rádio Paranaguá de Paranaguá/PR, chega a Laguna Nelson Alves de Paula Almeida, ou como era conhecido no sul de Santa Catarina pelo seus feitos, Nelson Almeida.
Do Serviço de Auto-Falantes Tupã á Rádio Difusora
Mas ao chegar na cidade juliana, já decidido, queria criar nessa terra, um veículo para divulgar a cidade, porém encontrou um problema, como viver em Laguna, com poucos recursos que trouxe das suas passadas no sul. Seu primeiro e fiel amigo, Major Pompílio Pereira Bento, então agente do Lloyd Brasileiro, achou uma solução para o seu novo amigo, montou uma leiteira no centro da cidade, e a entregou para Nelson, que com o tempo conseguiu juntar dinheiro, e sobreviver em Laguna.
Continuando com o sonho de Nelson Almeida, após conseguir juntar fundos, conhece Carlos Cordeiro Horn, um dos primeiros rádio-técnicos na cidade, também conhece Erotides Guimarães e em 15 de fevereiro de 1943, em Laguna, a sociedade instala algumas cornetas de alto falantes, e criou o “Serviço de Alto Falantes Tupã”, que tocava música e informações para os populares, que passavam nas ruas onde, os alto falantes estavam instalados.
Ainda em 1943, Nelson Almeida, Erotides Guimarães e Pompílio Pereira Bento, registram no ‘’Cartório de Registro Cívil – Seção Registro de Tributos e Documentos”, uma sociedade denominada “Rádio Tupã Limitada”. O objetivo era conseguir o registro da rádio e criar uma estação em Laguna.
E em 22 de novembro de 1943, surge a Rádio Tupã, transmitindo sem prefixo, as informações e músicas para a região sul. Então começou a luta para registrar e conseguir o prefixo oficial da rádio, mas no meio do processo, a sociedade recebe uma informação do governo, onde dizia, que a sociedade era obrigada a mudar de nome pois, no Estado de São Paulo, já existia uma rádio denominada “Tupã”. Foi ai que começou uma pesquisa que mobilizou todo estado, foram enviadas milhares de cartas com nomes para a rádio, a maioria sugeria o nome “Rádio Difusora de Laguna”.
Em 23 de janeiro de 1946, surgiu no dial catarinense os sinais da ZYH – 6 Rádio Difusora de Laguna. A emissora foi a primeira da região, transmitindo seu sinal para todo o sul de Santa Catarina. A Difusora foi o ‘’estopim’’ para o surgimento de outras rádios no sul de Santa Catarina (Eldorado, Tubá e Garibaldi de Laguna…).
A Difusora iniciou como todas as rádios com suas dificuldades e pioneirismos. Seu primeiro transmissor, era um transmissor cheio de válvulas. A principal era a válvula ‘813’ (também chamada de válvula – mãe). Sua programação era interrompida na tarde, e assim foi… Seu alcance inicial ia de Laguna até a Região Carbonífera, passando de Araranguá e chegando a Criciúma, onde anos depois foi instalada uma nova concorrente, a Rádio Eldorado, anos depois a Eldorado e a Difusora, fariam parte da Rede HS, e do Grupo Salvaro.
A Mais Poderosa: os primeiros programas e a transmissão do primeiro furo de reportagem
A Difusora, engatinhava, e em 1946, cria o primeiro programa de criticas politicas, chamado de o ‘’Picadeiro Político’’. O programa criticava a política Sul Catarinense. Tanto fez sucesso, que a Rádio fazia “briga” com o Jornal Correio do Sul, de Araranguá.
A Difusora, seguia líder no sul do estado, até que em 1949, um crime bárbaro assustou a cidade de Anita. Um importante médico da cidade, o Dr. Santiago, suspeitava que sua companheira estava o traindo, a sufocou na banheira esmaltada de sua residência.
Na hora em que ‘’explodiu a bomba’’, já que Dr. Santiago era uma pessoa influente na sociedade, depois de um longo processo, o médico foi para o banco de réus, Almeida e Horn, montam uma ‘’sub-estação’’, no Fórum da Comarca de Laguna (antiga Câmara Municipal).
A Difusora, pela voz de Nelson Almeida, levou para todo o sul catarinense, as informações do caso violento e inusitado. Nelson transmitia os debates entre acusação e defesa. A emissora demonstrou seu poder pois há quem diga que a força da rádio ‘’Mais Poderosa’’, influenciou no caso, o Dr. João de Oliveira, advogado do Dr. Santiago, saia do fórum dizendo que seu cliente estava: ‘’absolvido’’. Dr. Santiago, saiu da cidade e nunca mais retornou. A partir desse dia, nascia mais um slogan para a Difusora, ‘’poder de fogo’’, que demonstrava que a emissora estava preparada para tudo. Ainda na ‘sub-estação da comarca’, foram três dias transmitindo o caso diretamente do Fórum. A Difusora, manteve-se ininterruptamente no ar, sem dar o ‘’descanso’’ para a válvula ‘813’ e para o transmissor da rádio. Sendo assim a jovem emissora, correu o risco de ficar meses sem emitir sinal, já que caso a válvula queimasse seria difícil achar outra.
Novos donos e um show internacional, os programas e o primeiro gravador de fita
Em 1954, a rádio começa ‘’a baixar o poder’’. Seu fundador e seus sócios, transferem a concessão e a emissora para um grupo de políticos ligados ao Partido Social Democrático – PSD, liderados pelo ex-governador Aderbal Ramos.
Ainda nos anos 50, surge um dos programas de maior sucesso da emissora, apresentado por Dakir Polidoro. Surgia ‘’A Hora do Despertador’’ que acordava Laguna sempre as 6h00min da manhã.
A Difusora começa a transmitir o carnaval de Laguna, fazendo concorrência com a mais nova emissora da cidade, a Garibaldi. As duas emissoras entravam no clima carnavalesco e transmitiam o carnaval ‘’numa boa’’.
Por ocasião do IV Centenário de São Paulo, ocorrido em 1954, foi convidada para se apresentar na capital paulista a Orquestra de Espetáculos Cassino de Sevilla, que realizou sua primeira apresentação no Brasil, em 18 de janeiro do mesmo ano. Depois de se apresentar em São Paulo, a Cassino de Sevilha, seguindo para Montevidéu no Uruguai, parou em Laguna, e realizou uma apresentação especial no Cine Teatro Mussi. A apresentação foi transmitida para o sul pela Difusora, sendo assim a primeira atração internacional a se apresentar no prefixo de uma rádio sulista.
Ainda nos anos 50, a Difusora adquiriu um gravador de fita, o primeiro entre as rádios do sul e assim já teria uma nova arma contra a Rádio Tubá, recém inaugurada na vizinha Tubarão.
A Vida que segue…
A Difusora na copa do mundo de 1970, transmitiu junto a um pool de emissoras de rádio e televisão, sem muita guerra de audiência, uma vez que todas as emissoras unidas gritaram no mesmo dia: ‘’O BRASIL É TRI-CAMPEÃO DO MUNDO!!!!”.
A Difusora, manteria-se na Copa, por mais algumas semanas depois de seu encerramento.
Entre os anos de 73 e 75, a Difusora apresentou rádio-teatros e rádio-novelas que fizeram sucesso no sul, porém em 75, chega a Laguna, uma repetidora da TV Coligadas canal 3 de Blumenau. A televisão embora fosse ‘’nova’’ na cidade, ameaça um pouco a ‘soberania’ da rádio pioneira, uma vez que a televisão mostrava imagens a cores fascinando a população e fazendo com que elas ‘’esquecessem do rádio’’.
Em 1979, a rádio transmite dia e noite as informações do quase acidente ecológico do Malteza S. Nos fins da década de 70, a rádio muda de sede.
Em 1982, a emissora é comprada por Dite Freitas, e passa a transmitir uma programação mais focada em música e futebol regional, com suas instalações na rua Raulino Horn.
Inicia-se, os anos 90, destinada a criar uma ‘’nova identidade, sem perder a velha’’, a Difusora lança uma nova logomarca, simples, e uma nova programação. Começa também a se informatizar, e passa a substituir seus LP’s de vinil pelos CD’s. Em 2000, a rádio é adquirida por Henrique Salvaro, presidente do Grupo Salvaro, em 2002, inaugura uma nova sede, e em 2009, cria um portal na internet.
Em 2012, passa a fazer parte da Rede HS de Rádio, uma rede composta pelas rádios Eldorado e Hulha Negra, de Criciúma, passando para a sede própria, onde está até hoje, na rua Jerônimo Coelho. A partir de junho de 2016 passou para a propriedade do empresário Armelindo Salvaro.
Migração para FM
Com praticamente toda aparelhagem nova, agora a Difusora, aguarda para os próximos dias a sua passagem de AM para FM, a partir do dial 91,5, já com os estúdios novos, que aparecem no detalhe.
Com uma programação diária centrada na informação, as ondas da Rádio Difusora atingem os mais diversificados setores da sociedade, pois aborda assuntos de interesse do cidadão, como prestação de serviços, política, economia, esporte, cultura, lazer, etc.
Assim é a Rádio Difusora de Laguna: uma rádio completa, que participa do dia-a-dia dos seus ouvintes e contribui para o desenvolvimento regional.
Atualmente a Difusora tem como gerente o sr. Gustavo Salvaro e em seu quadro de profissionais conta com João Batista Cruz, André Luis, Rose Siqueira, Vanderley Justino, Vanio Santos, além de Marcela Lompreta no escritório e Célia Barros nos serviços gerais.
A Sede da Difusora, veio abaixo
Construído no Século XIX, a primeira sede da rádio funcionava na Praça Floriano Peixoto, inicialmente abrigaria o Cine Glória, depois os Cines Arajé e Palace. Situava-se ao lado de uma loja maçônica e do Clube Blondin. O prédio abrigou a rádio dos anos 40 aos anos 70. Segundo a lenda que um antigo proprietário do imóvel queria derrubar o prédio, e construir algo novo no local, mas foi informado que pelo motivo do centro ter sido tombado ele não poderia derrubar o prédio, então ele retira as telhas, que com a ação da chuva, que umedeceu a estrutura de madeira, fez o prédio “curvar-se” para a lateral, até que em 1981, ruiu e veio ao chão. Hoje abriga um restaurante, e o que restou do prédio foi uma parede de tijolos que serviu como muro.
Dakir Polidoro, prefeito da capital
-Dakir Polidoro, apresentou na Rádio Diário da Manhã de Florianópolis, anos depois de sair da Difusora, uma nova versão de ‘’A Hora do Despertador’’. O sucesso na emissora lagunense e na florianopolitana, concedeu a Dakir, a eleição para vereador e como tal chegando a assumir interinamente o cargo de prefeito da capital catarinense.
-Numa quarta-feira de cinzas, um locutor e um sonoplasta tocaram uma música de carnaval, Nelson Almeida (dono da rádio), suspendeu por alguns dias os funcionários.