Aquicultura e Pesca

Peixes no combate ao mosquito da dengue

Nos últimos meses a dengue tem avançado com força por todo o Brasil. Não bastasse isso, o mosquito transmissor da doença (Aedes aegypti) também é o responsável pela transmissão da febre chikungunya e do terrível zika vírus, sendo este último, segundo o Ministério da Saúde, o agente desencadeador de um alarmante incremento das ocorrências dos casos de microcefalia em bebês na região Nordeste do país. Este cenário causa preocupação porque o controle dessas enfermidades ainda são ineficientes, uma vez que não basta agir apenas quando a doença avança, sendo portanto, fundamental o controle constante da proliferação do mosquito.
Buscando minimizar a ocorrência de larvas do Aedes aegypti, algumas secretarias municipais de saúde de cidades das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, têm contado com pequenos aliados famintos no combate aos criadouros do mosquito: os peixes! O principal destaque é o peixe barrigudinho, também chamado de lebiste, guppy ou guarú (Phalloceros caudimaculatus). Comum em aquários de água doce e na superfície de riachos e lagos da região Sudeste do país, este peixinho possui hábito alimentar onívoro, possuindo grande apetite para devorar larvas de mosquito e drosófilas, além de microvermes.
O lebiste têm sido utilizado preferencialmente no controle biológico dos focos do Aedes aegypti em reservatórios que não podem ser eliminados e/ou tampados, como piscinas sem tratamento, fontes, lagos artificiais, etc.
Recentemente, pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em parceira com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) “descobriram” um outro potencial parceiro na luta contra o mosquito Aedes aegypti: o plati (Xiphophorus maculatus). Este peixinho que não chega a medir 5 centímetros na fase adulta, consegue comer 50 larvas do Aedes aegypti em seis horas.
Os peixes não provocam impacto ao meio ambiente, são mais baratos que os larvicidas e proporcionam uma redução no tempo de inspeção dos agentes nas residências, já que a presença desses peixes é garantia de que não há larvas do mosquito da dengue. A substituição dos larvicidas por peixes é desejável não apenas do ponto de vista ambiental. Motivo? Comprovadamente o uso constante de larvicidas pode acarretar num aumento da resistência do mosquito Aedes aegypti.
Em tempo, um dos poucos cuidados que precisam ser tomados é não jogar cloro na água. O peixe não suporta o tratamento químico. Em locais onde a água é tratada quimicamente não é necessário colocar os peixes, já que nem ele e nem as larvas do mosquitos sobrevivem.
Em locais fechados com acúmulo pontual de água, a melhor forma de impedir a proliferação do mosquito Aedes aegypti ainda é a precaução. Por isso, evite acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras.

Por:
Prof. Dr. Eduardo Guilherme Gentil de Farias, Engenheiro de Pesca
Prof. Dr. Giovanni Lemos de Mello, Engenheiro de Aquicultura
Prof. Dr. Jorge Luiz Rodrigues Filho, Biólogo
Prof. Dr. Maurício Gustavo Coelho Emerenciano, Zootecnista
aquicultura.pesca@gmail.com

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