Um coração acolhedor, um espírito humanitário e a luta incessante por fazer o bem. Poderíamos estar falando de tantas mães espelhadas por este mundo afora. Mas este é um breve resumo da personalidade da focalizada desta edição, que em homenagem as matriarcas, que comemoram seu dia no próximo domingo, retrata a nobre vida da irmã Maria Alves dos Santos. Aos 67 anos, ela que é formada em Pedagogia, acredita ter nascido com espírito missionário: “Aos 23 anos, antes de ingressar na vida religiosa, me mudei para o Amazonas. Lá, por seis anos, aprendi a língua indígena e alfabetizei muitas crianças”, recorda a irmã, que retornou a Santa Catarina após receber a notícia da doença grave de um irmão: “Voltei porque queria dar minha parcela de contribuição a este momento tão delicado. E assim fiz, ajudando em tudo que foi possível”. Passado algum tempo, a então jovem viu que era hora de procurar por uma Congregação, para dar continuidade as suas ações: “Como freira, poderia auxiliar ainda mais e ultrapassar barreiras. Ingressei na Divina Providência e um novo universo se abriu para mim”. No decorrer da caminhada, a Irmã Maria ajudou e catequisou jovens e crianças:” Já trabalhei em colégios de Florianópolis e Tubarão e paralelo ao serviço no educandário, ajudava crianças que viviam nas ruas, tentando oferta-las uma vida mais digna e que era de direito”. A joinvilense carregava uma inquietude no peito, na certeza de que poderia desbravar e ir muito além. E este além tinha nome: África. Lá, Irmã Maria passou por dez anos, oportunidade a qual auxiliou pessoas que se encontravam sem um lar e amor: “As histórias de vida são impactantes. Convivi com órfãos, com pessoas que viviam na miséria, sem ter o que esperar da vida. Tenho certeza que minha ajuda não foi em vão. Que cada atendimento que prestei, cada alimento que fiz, conseguiu acalentar o coração de um ser humano”, recorda. E foi com o retorno ao Brasil, mais precisamente a Florianópolis, em 2010, que irmã Maria teria seu destino entrelaçado a Laguna: “A Congregação me sugeriu que viesse para Laguna, no Colégio Stella Maris. De pronto aceitei, mas pedi a chance de encarar um novo desafio, com uma comunidade carente da cidade. Ao receber o sinal verde da direção, fui em busca de quem precisasse de minha ajuda”. E este povo a esperava: “ Me falaram de um grupo sem terra, que vivia na Barbacena. Lembro que peguei o ônibus com destino ao Perrixil e nem sabia onde deveria parar. Fui perguntando, pedindo informações e cheguei até eles. A energia e a certeza de que tinha chego ao lugar certo aconteceu desde o primeiro instante”. A locação de um pequeno casebre onde começou a trabalhar com as crianças, foi logo transformada na aquisição do próprio terreno: “Ao receber a visita de damas da caridade, elas se comoveram e disseram que me ajudariam a adquirir um pedacinho de chão. E assim fizeram. Tempos depois aparecerem com o dinheiro. Foi um momento de imensa alegria”. Surgia naquele instante a “Casa da Gente”, que junto ao esforço de inúmeras pessoas da comunidade fizeram um grande mutirão para construção de um prédio: “Fiquei impressionada com a solidariedade dos lagunenses. Eram doações de materiais de construção, depósitos na conta da Creche, enfim, todos de alguma forma se fizeram presentes e isto só me impulsionou e me deu forças para chegar onde estamos”. Atendendo 30 crianças na faixa de dois a cinco anos e três adolescentes, o espaço já tem a expectativa de expansão: “Vamos construir duas novas salas, onde pretendo iniciar aulas de música e dança, para suprir o tempo vago desta garotada, para que possam continuar trilhando o caminho do bem”, explica a Irmã. Com a ajuda de um convênio através da Prefeitura Municipal e de inúmeros voluntários, que silenciosamente, no decorrer do dia a dia fazem suas doações, ela garante que esta verdadeira “ponte” de amor a faz uma mulher e mãe realizada: “Vim neste mundo com missão de ajudar os necessitados, os corações aflitos e todos que estiverem em necessidade. E esta força de vontade só é possível graças a almas generosas, que aliadas as minhas mãos, ajudam na execução dos projetos, que são revertidos ao bem de nossa comunidade”.
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