É entre escamas de peixes e muitas sementes que Alzira de Assis passa grande parte do seu dia. Natural de Criciúma, moradora da terra de Anita há menos de um ano, a artesã buscou na cidade qualidade de vida e de quebra ganhou matéria-prima em abundância para realização de seu trabalho. Filha de “seo” Francisco e da saudosa dona Zenilde, a focalizada chegou a cogitar a possibilidade de passar o resto de sua vida em um convento. Durante três anos, ainda na adolescência, dedicou-se aos estudos para ser freira: “Era muito nova e não sabia ao certo o que queria para mim. Apesar de não ter seguido, consegui aprender e desenvolver muito de minhas habilidades manuais enquanto estava lá, fazendo trabalhos de crochê e tricô”, relembra. Técnica em Administração, Alzira nunca se desligou da área social. Em Tubarão e Balneário Rincão, chegou a realizar alguns projetos com famílias carentes, ensinando as técnicas desenvolvidas por ela e pela filha Cristiane: “É só fazer as contas: Oito tainhas facão oportunizam uma quantidade de escamas que rendem cerca de 30 pares de brinco, o que dá um retorno de R$ 450,00, isto já tirando as despesas”. Além da venda de seu material em Laguna, a artesã expõe suas peças em Florianópolis, na Casa da Alfândega e em Santo Antônio de Lisboa e para dar conta da demanda, é preciso muito trabalho: “Acordo por volta das 5 horas da manhã e desde então já estou cortando escamas. Em um dia, eu e minha filha chegamos a dedicar até 12 horas a este tipo de serviço que consiste na principal matéria-prima”. A profissional orgulha-se de já ter recebido alguns títulos e ter seu trabalho como pesquisa para muitos alunos: “Através da internet, alguns professores descobrem um pouco mais a respeito da biojóia e querem passar isto na sala de aula. Recebo frequentemente grupos que querem acompanhar todo o processo de confecção. Paralelo a isto, fiquei entre os 150 melhores artesãos do Brasil no ranking do Sebrae. Na oportunidade, a qualidade do trabalho foi muito destacada”. Para o futuro? A esposa de Marco Antônio prevê ainda mais artesanato: “Quero muito explorar o butiá, que é algo tão tradicional para o município. Nele é possível usar a mesma técnica da fibra de bananeira, que resulta em colares maravilhosos. Fora isto, pretendo desenvolver ainda mais meu trabalho e passá-lo para o maximo de pessoas possível, acompanhar o sucesso de meu outro filho, Marcelo, e tocar a vida, feliz e em paz”.
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