Há 53 anos o então menino Edson Fernandes Castro tomava a decisão de abandonar os bancos escolares. A atitude do garoto surpreendeu a mãe, dona Eotália, que preocupada com o que seria do futuro, decidiu encaminhar o filho a aprender uma profissão. Eis que surge então a chance de trabalhar em uma estofaria. Eram mais de 9 horas diárias de serviço, sem ganhar um centavo, tendo como único retorno o aprendizado que Edinho leva até hoje. O tempo na estofaria durou cerca de dois anos, até receber uma nova proposta: “ Apareceu um senhor que gostaria de me contratar para trabalhar com ele na mesma atividade. Cheguei a receber um salário, mas no mês seguinte ele optou por mudar de cidade”. Sem grandes alternativas, o estofador decidiu então, por conta própria, apresentar seu serviço e tentar angariar clientes de porta em porta: “Era a única solução para ganhar dinheiro e fazer meu nome na cidade. Sou do tempo que sofá era coisa de gente rica. Não existia em todas as casas”, relembra o profissional, que “abocanhou” inúmeros serviços de hotéis: “Fui me dedicando a pegar grandes trabalhos, fazendo sofás e colchões de crina de cavalo. Era um material antigo, mas que deixava o produto com uma qualidade sem igual”, avalia. Com uma oficina montada nos fundos da casa da mãe, o lagunense chegou a apostar na carpintaria: “De certa forma todo estofador precisa aprender a lidar um pouco com a madeira. Eu fui por desejo mesmo e acabei aprendendo outro ofício. Cheguei a montar uma marcenaria, mas acabei fechando as portas por falta de mão de obra qualificada que me ajudasse no serviço braçal”. Atualmente atendendo no bairro Magalhães, o pai de Sidarta e Morgana, sogro de Patrícia, avô de Raisa e Raiana e esposo de dona Lucimar, chega a estofar até 4 jogos de sofá por mês, na média de um por semana: “ A produção hoje é um pouco mais devagar, mas não posso parar. Começo meu dia por volta das sete e meia da manhã e algumas vezes só encerro o expediente às 20 horas”. Quando questionado sobre a qualidade dos materiais de hoje e os de antigamente, ele faz um paralelo: “Creio que hoje é tudo feito em grande produção, em grande escala. A satisfação do cliente não é o principal objetivo, portanto em muitos casos, os sofás vendidos em loja não possuem boa qualidade de tecido e material interno, coisa que quem produz um, em especial, toma, ou deveria ao menos, tomar todo cuidado”. Conhecido pela qualidade de seu serviço, Edinho já recebeu propostas para trabalhar fora da cidade: “Há muitos anos, uma senhora que era decoradora e estava morando em Laguna, mas que era natural do Rio de Janeiro, gostou tanto do meu trabalho que me propôs abrirmos uma loja para os cariocas. Recusei. Gosto muito daqui e quero trabalhar para minha gente”.
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