O ano era 1959. Todos os dias, fizesse sol ou chuva, Gilmar Lucas, aos 8 anos, tinha sua função mais que estabelecida: era de responsabilidade dele transportar o almoço dos pais, que devido ao trabalho, não podiam fazer a pausa no aconchego do lar. E assim foi, anos a fio, até que o destino o encarregasse de assumir novas atividades. Hoje, o menino cresceu o suficiente para ter nos olhos do filho, Guilherme, de 23 anos, todo orgulho e admiração que um dia, ele teve – e ainda tem- pelo pai, “seo” Altair, que goza de plena saúde, e que com frequência, ainda visita o filho no estabelecimento que um dia foi seu. O focalizado não imaginava que um dia trilharia o caminho do pai. Os investimentos iniciais na trajetória profissional foram sempre para caminhos opostos: “Comecei cedo, aos 11 anos, vendendo picolé. Depois comecei a trabalhar com pulseiras de relógio, fui balconista em uma locadora de fitas VHS e até no extinto banco Bamerindus já trabalhei, nas cidades de Florianópolis e Tubarão”, relembra Gilmar, que com o passar dos anos viu a necessidade de regressar a terra natal: “Parece que já estava predestinado. Sempre gostei de mexer com eletrônica e consertos em geral. Meu pai, vendo minha habilidade, me ofertou um espaço na barraquinha para que fizesse meu trabalho. Aceitei e hoje sou responsável por tudo”. O profissional acompanhou toda trajetória do histórico comércio: “Tenho o registro, em fotos, do tempo em que as estruturas eram feitas de zinco, e olha que eu nem nascido era. Tempos depois, foram construídas as de madeira, até serem desmontadas para a construção das de alvenaria que estão até hoje”, recorda. Tendo como parceira de trabalho a esposa, Evandra, com quem é casado há 24 anos, o casal acompanha “a vida” de Laguna pela porta de seu estabelecimento: “A construção da ponte, e a vinda dos trabalhadores para cá, movimentou a economia. O quinto dia útil do mês é garantia de lojas cheias. A UDESC também vem aquecendo as vendas. É gradativo, mas ainda tenho expectativas de que a cidade possa trilhar um rumo mais próspero”, avalia. Na alta temporada, Gilmar chega a trabalhar até 12 horas por dia e atender até 150 clientes: “O movimento é sazonal e é preciso aproveitá-lo. No decorrer do ano, minha atividade é focada mais no reparo, de peças para relógio, conserto de controles e chaves automáticas e baterias de celular.” Simpatizante por viagens, este ano, ao lado de Evandra, o profissional conheceu Porto Seguro, na Bahia: “É um lugar muito bonito, mas que não se compara com as belezas que temos aqui. A hora que o povo despertar para o quão rico é e como podemos vender o nome de Laguna lá fora, a cidade terá movimento o ano todo. Claro, sem esquecer que é preciso organizar a casa para receber os turistas, cuidando da pavimentação das ruas e da limpeza. O resto? Deus já fez”.
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