A busca pela independência e a determinação sempre estiveram presentes na vida da diarista Maria Conceição Vicente da Rosa. Natural de Laguna, a mãe de Thayse e Murilo, começou a trabalhar aos 12 anos, vendendo roupas usadas para os conhecidos e, hoje, orgulha-se com a oportunidade de ver a filha ingressando na universidade. Apaixonada pelo trabalho, o dinamismo e a inquietude foram algumas das razões que levaram Maria a buscar alternativas de ter sua própria renda: “Sempre quis ter o meu dinheiro e sou uma pessoa muito “elétrica”. É difícil alguém me ver em casa, sem nada para fazer. Esse comportamento já me acompanha desde a adolescência”, esclarece a focalizada, que começou a fazer faxina nas casas aos 14 anos: “Não deixei de estudar, mas fui convidada por uma senhora, para auxilia-la. Como a oferta era boa, decidi aceitar”. Paralelo ao trabalho e aos estudos, seguiu vendendo roupas, desta vez trazidas de algumas confecções da região, atividade, que inclusive ela realiza até hoje: “Sempre gostei do contato com o público e com as vendas. É o tipo de coisa a qual não penso em largar e que me dá chance de fazer um extra”. A focalizada ainda acumula no currículo, as experiências como babá e técnica em enfermagem: “Não costumo negar serviço ou desperdiçar alguma oportunidade. Quando tive a chance de fazer o curso técnico, oferecido no hospital, decidi aproveitar. Assim que conclui, vi que não iria ser feliz na área. Teria que lidar com o sofrimento, a dor das pessoas, e não queria isto para mim”. Casada com Adriano, a rotina da profissional é puxada e começa cedo: “Acordo às 5:30 da manhã. Arrumo as coisas em meu lar, deixo tudo pronto para o meu filho mais novo, Murilo, e sigo até a casa a qual farei a faxina naquele dia. Chego a passar até 11 horas trabalhando e ao encerrar meu expediente, retorno para minha segunda jornada, quando preciso cuidar do almoço do dia seguinte da minha família e dar uma atenção aos meus filhos”. Quando questionada sobre o que o trabalho tem de melhor, pontua: “A chance de conhecer novas histórias todos os dias. Cada família está sempre vivenciando alguma novidade ou momento e eu tenho a chance de estar por perto e de certa forma fazer parte. Acho isto muito legal”, avalia, acrescentando ainda: “Não conseguiria me ver presa a um mesmo patrão todos os dias. Acho que o bom de ser diarista é estar em um lugar diferente a cada dia. A função é a mesma, mas a cada dia o lugar é novo e as pessoas também”. A única situação que a revolta é a forma como as trabalhadoras de sua classe são julgadas por muitos: “Não é porque limpo a casa das pessoas, que tenho pouca instrução. Tenho estudo, opinião formada sobre muitos assuntos e posso cursar uma faculdade. Fico muito irritada quando alguém me julga com inferioridade”. Entre uma, das muitas batalhas vencidas, a mãe coruja orgulha-se ao falar da filha mais velha, Thayse, que será acadêmica do curso de Psicologia a partir dos próximos dias: “Talvez eu não deixe transparecer a felicidade que vivo e a realização de vê-la seguindo sua vida, dando um passo tão grande e positivo. Esta é uma das maiores vitórias que já conquistamos”. Para um futuro não tão distante, a profissional faz planos: “Agora, estou focada em pagar a faculdade da Thayse e reformar minha casa, que precisa de alguns reparos”.
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