Estão sendo discutidas as modificações ao Plano Diretor da cidade da Laguna, sobre as propostas da prefeitura. Particularmente, nesta quarta-feira, será realizada a votação no CDM – Conselho de Desenvolvimento Municipal, sobre a altura das edificações na orla da praia do Gi, onde a altura sugerida é de até 20 pavimentos. Como retrospecto recente da história litorânea de Santa Catarina, percebemos o esforço das gestões públicas em adequar o uso e ocupação dessas áreas ambientalmente sensíveis, mas que atraem as pessoas para seu uso (a exemplo do Projeto Orla do Ministério do Meio Ambiente, aplicado em várias cidades do nosso Estado -http://www.mma.gov.br/florestas/projeto-br-163/item/9293-projeto-orla-santa-catarina). Garantir e permitir acesso aos espaços públicos e naturais é sim um caminho para o desenvolvimento, entretanto construir prédios nem sempre é a solução. A exemplo disso, pode ser citada a praia do Mar Grosso, ocupada durante os festejos de carnaval, eventos da cidade e durante todo o veraneio, mantém-se durante a maior parte do ano como um imenso vazio imobiliário, onde as edificações não são sequer ocupadas, dando lugar a desertos verticais à beira mar. Além desse problema, soma-se o fato da poluição das praias provenientes da falta de tratamento dos esgotos, onde o adensamento de pessoas por metro quadrado sobre carrega todo o sistema sanitário, resultando em praias impróprias para uso (a título de ilustração vide matéria sobre a balneabilidade e o tratamento deficitário dos esgotos do litoral Norte de SC – http://osoldiario.clicrbs.com.br/sc/noticia/2015/06/seis-de-nove-cidades-do-litoral-norte-estao-sem-ratamento-de-esgoto-4776839.html). O direito de uso do litoral deve ser pensado e planejado e não realizado a toque de caixa, para que o interesse comercial dessas áreas seja o principal objetivo. O impacto causado nas dunas, pelo acesso das pessoas e carros, o sombreamento das edificações na praia, a poluição visual e sonora são pontos importantes para que a Laguna cresça e se desenvolva com as vocações às quais está apta. Não somos Balneário Camboriú com arranha-céus à beira mar, somos a Laguna, onde o turismo deve ser favorecido, focado às vocações da cidade, preservando sua cultura pesqueira, praias selvagens, parques naturais e os espetáculos aos quais atraem turistas de todo o mundo, curiosos para vivenciar: a pesca cooperativa com os botos, a avistagem de baleias, o turismo histórico e religioso entre tantas outras atividades. Exemplos de sucesso dessas vocações existem espalhadas por inúmeras cidades pelo mundo, porque não aqui?Existem mais modelos a se nortear e espelhar, do que se apoiar no já falido modelo expansionista imobiliário. O desenvolvimento é colocar concretos verticais à beira mar? Esse desenvolvimento é para quem? para você?
Arnaldo Russo / José Antônio da Silva Santos
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