Isto mesmo caro leitor. Num primeiro momento alguns podem imaginar. “Isto é coisa de chinês!, aqui no Brasil, nem pensar…”. Em contraponto, iniciamos nossa coluna semanal com alguns dados estatísticos relevantes: a criação de rãs no Brasil cresce atualmente a uma taxa de 8%. E o país é o segundo maior produtor da carne no mundo. Adicionalmente, o consumo médio do brasileiro é de cerca de 100 gramas/por habitante/ano. Voltando um pouco na história, um artigo publicado pela Embrapa sugere que o deslocamento de italianos, franceses, alemães, suíços e belgas divulgou o hábito do consumo da carne de rã para países como Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Chile e Argentina. No Brasil, há relatos de que os índios já possuíam o hábito de consumir rã no cardápio alimentar. No Brasil, a ranicultura surgiu em 1935. Naquela época, os ranicultores atravessaram várias dificuldades e a atividade sofreu uma desaceleração nos anos seguintes. Porém, com a introdução da rã touro gigante, por ser uma espécie com maiores vantagens competitivas que as nativas, como precocidade, prolificidade e rusticidade, e que se adaptou bem às condições climáticas brasileiras, fotoperíodo, temperatura, abundância de água, relevo, entre outros, rapidamente a ranicultura brasileira prosperou. Segundo a empresa RANAC, sediada em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis, a carne de rã faz parte do portfólio premium da alta gastronomia, muito usada em pratos nobres da culinária francesa. Exótica, macia e de fácil digestão, a carne de rã tem excelente valor energético e sabor mais apurado que as carnes tradicionalmente consumidas. E ainda, é rica em vitaminas, sais minerais e proteínas. Possui baixo colesterol e quase não tem gorduras, além de ser a única que possui em sua composição, aminoácidos essenciais não produzidos pelo organismo humano. São inúmeras as recomendações médicas para a carne de rã. É prescrita para pacientes convalescentes por ser de fácil digestão e usualmente é indicada para pessoas com estômago sensível. É considerada pelos nutrólogos por possuir uma percentagem alta de proteínas de alto valor biológico e conter um reduzido teor de calorias e lipídios, quando comparada com a carne bovina e o pescado. A prescrição da carne de rã é usualmente realizada para pacientes com transtornos digestivos, processos alérgicos e dietoterapia limitante para cloreto de sódio e gordura. É também prescrita para pacientes com carência de cálcio e osteoporose, por conter quantidade elevada de cálcio e este encontrar-se disponível para ser absorvido pelo organismo, semelhante ao cálcio presente no leite, sendo considerado como uma alternativa alimentar para pacientes com alergia a lactose. Lembrando que o intuito de nossa coluna semanal é o de sempre trazer aos leitores do JL novidades acerca do mundo da pesca e da aquicultura e, por isto mesmo, salientamos que o cultivo de rãs, assim como também o de jacarés, entre outros anfíbios e répteis, também faz parte do segmento da aquicultura. Como exemplo, acadêmicos do Curso de Engenharia de Pesca da UDESC/Laguna têm em sua grade curricular uma disciplina específica de Ranicultura, com aulas teóricas e práticas, além de visitas técnicas a produtores e frigoríficos. Numa coluna futura, abordaremos os aspectos ligados ao cultivo das rãs. Antecipadamente, ressaltamos que, diferentemente de outras culturas aquícolas tradicionais, o cultivo de rãs remunera e muito bem os produtores e investidores. É muito comum produtores terem lucro acima de R$ 5,00 por cada quilo de rã produzido. Conhece o cultivo de algum peixe que gere esta rentabilidade? Por fim, lembramos que a carne de rã pode ser facilmente encontrada em alguns supermercados de Laguna e região. E então, vamos experimentar algo novo?
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