Escrevi esse texto para refletirmos sobre nossos comportamentos, especificamente sobre as mentirinhas que contamos, muitas vezes, para nós mesmos. Julgamos muito o comportamento dos políticos, fazemos manifestos, temos opinião pronta para todo e qualquer gesto que pensamos ser anti-ético ou que agrida valores morais.
Mas afinal, o que é ser alguém sem ética? Sem moral? Eis uma pergunta intrigante. Segundo conceitos teóricos, “ética se refere ao conjunto de valores e regras definidas por determinado grupo ou cultura, e que é comum a todos. Sendo assim, a ética é o
que define como o homem deve se portar no meio social”. Já, a “Moral é o conjunto de regras que orientam o comportamento do indivíduo dentro de uma sociedade. Ela pode ser adquirida através da cultura, da educação, da tradição e do cotidiano. Por exemplo, quando alguém não cede o lugar para uma pessoa idosa sentar-se , isso é anti-ético. Já um comportamento imoral seria entrar de biquíni em uma igreja, por exemplo.
Bem, julgo importante falarmos destes exemplos para pensarmos em nossas atitudes diárias. Certo dia, como professora universitária, ao aplicar uma prova, uma aluna estava descontroladamente “copiando” as respostas da colega à sua frente. Naquele momento pensei, o que mais essa pessoa faria se tivesse oportunidades diferentes? Quem estava enganando quem? Fico pensando sobre a falta de racionalidade diante de pequenos atos que podem, de maneira inconsciente, nos tornar iguais aqueles a quem tanto julgamos. Falo em falta de racionalidade porque a pessoa não reflete sobre as consequências de suas atitudes. E, geralmente, só julgamos como ato falho quando na ação envolve dano financeiro, por exemplo, a lava jato. Mas o que difere essas ações errôneas de furar filas, não parar na faixa de pedestres, não respeitar o estacionamento da escola do seu filho, dar aquele jeitinho para conseguir as coisas (transgredindo regras)? Onde só o que importa é se dar bem.
No mundo corporativo, as pequenas mentiras vem em feedbacks não transparentes, em processos seletivos onde não se fala de fato o porquê a pessoa não foi contratada, quando se privilegia alguém porque tem relações pessoais, quando determinada pessoa se apropria do que não é seu, quando se engana quem lhe estendeu a mão, tirar cópias de coisas pessoais utilizando recursos da empresa, e por aí vai uma série de atitudes que muitos de nós fazemos. Mas, afinal, por que julgamos tanto os outros? As mentirinhas diárias, o quem engana quem, acontece porque a maioria não pausa para fazer reflexão sobre seus próprios atos. Para mensurar seus atos com relação a esse tema, comece pensando em quantas mentiras você conta diariamente? Responda para si mesmo, sem medo de ser julgado. Bem, você não é o único. Mas isso não deve lhe servir de conforto.
O fato é que por mais difícil que nos pareça a verdade é, e sempre será, a melhor opção, pois traz junto com ela um conjunto de “leveza e autoconfiança” sentida em relação a você mesmo! Mude, não acredite que o natural precisa tornar-se normal. Experimente se observar, faça um propósito com você mesmo. Seja verdadeiro com você, este será um grande exercício para a promoção de sua mudança e crescimento. E, da próxima vez que pensar em fazer algo, reflita: quem está enganando quem?
Por Letícia Zanini Master Coach, Psicóloga e Diretora da Perfil Dois Coaching e Assessoria.