Quando estavam se preparando para repousar, despindo seus trapos, resolveram revelar sua verdadeira natureza divina. Num abrir e fechar de olhos transformaram a mísera choupa num esplênido templo. Espantados os bons velhinhos se prostraram até o solo em reverência.
As divindades pediram que ambos fizessem um pedido e que seria prontamente atendido. Como se tivessem combinado previamente, Filêmon e Báucis, disseram que queriam continuar no templo recebendo os peregrinos e que no final da vida, os dois, depois de tão longo amor, pudessem morrer juntos.
E foram atendidos. Um dia, quando estavam sentados no átrio, esperando os peregrinos, de repente Filêmon viu que o corpo de Báucis se revestia de folhagens floridas e que o corpo de Filêmon também se cobria de folhas verdes.
Mal puderam dizer adeus um ao outro. Filêmon foi transformado num enorme carvalho e Báucis numa frondosa tília. As copas e os galhos se entrelaçaram no alto. E assim abraçados ficaram unidos para sempre. Os velhos daquela região, hoje no norte da Turquia, sempre repetem a lição: quem hospeda forasteiros, hospeda a Deus.
A hospitalidade é um teste para ver quanto de humanismo, de compaixão e de solidariedade existe numa sociedade. Atrás de cada refugiado para a Europa e de cada imigrante para os USA há um oceano de sofrimento e de angústia e também de esperança de dias melhores. A rejeição é particularmente humilhante, pois lhes dá a impressão de que não valem nada, de que sequer são considerados humanos.
Os refugiados vão à Europa porque antes os europeus estiveram por dos séculos lá em seus países, assumindo o poder, impondo-lhes costumes diferentes e explorando suas riquezas. Agora que são tão necessitados, são simplesmente rejeitados.
Vale resgatar o valor e a urgência da hospitalidade, presente como algo sagrado em todas as culturas humanas. Temos que nos reinventar como seres hospitaleiros para estarmos à altura dos milhões de refugiados e imigrantes no mundo inteiro.
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