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Ufa, a tempo conheci meu filho

“Sábio é o pai que conhece o seu próprio filho.” Willian Shakespeare
Ultimamente temos constatado que muitos dos núcleos familiares não se conhecem, ou não se reconhecem mais, pela ausência de traços e hábitos culturais mínimos, que referendam a existência do núcleo.
Os hábitos simples como realizar as refeições com a família reunida; assistir a um filme, ou à programação da TV com todos deitados grudadinhos no sofá, com o tradicional pote de pipocas; jogar eletrônicos; jogar baralho, ou dominó; enfim, brincar, estarem juntos de corpo e alma.
Parece ser uma rotina de convivência mínima, singular, mas não é.
Meu coração se encheria de alegria se a realidade fosse esta, onde houvesse uma compreensão de que a vida em família é algo simples e possível, sem preço. Isto mesmo, sem preço, pois para quem já pratica não há dinheiro algum que pague, e quem ainda não exercita não há dinheiro algum que compre.
Esta riqueza depende de nós, ou seja, da mudança dos nossos hábitos, colocando a família em primeiro lugar. Nada acontece por acaso, tudo tem sua razão de ser.
A pandemia do Coronavírus determinou medidas de isolamento social. A partir da quarentena, percebemos um novo despertar no seio familiar. Além de ficarem juntos, os pais têm buscado conhecer verdadeiramente seus filhos.
Quando digo conhecer verdadeiramente, não estou falando sobre saber da rotina, do conhecer o que eles fazem.
Estou sugerindo de conhecê-los afetivamente: saber do que eles gostam, o que é agradável, ou desagradável para eles, quais são as lembranças afetivas deles, por exemplo: cheiro, sabor, música, avós, tios, amigos, vizinhos, animais.
Os pais também têm suas memórias afetivas, então, que oportunidade ímpar para compartilhar e harmonizar todos estes momentos memoráveis em família.
Nesta ocasião de reclusão , refletimos muitas outras situações e relações. Dentre elas, destaca-se a relação aluno / professor / aluno, que passa a ter um valor inestimável para as famílias.
Quando reconhecem o trabalho complexo dos professores de transferir conhecimentos, que parecia para muitos algo simples, e quando as famílias também são surpreendidas, pois eram acomodadas com a postura de seus filhos, que para o professor em sala de aula era explícita.
Pois muitos desempenham o papel de professor – psicólogo sempre alerta, pois por trás de um sorriso lindo de um estudante pode estar dor, angústia e medo, ou por trás de uma rebeldia pode estar uma carência, uma insatisfação e um sentimento de vazio.
Invistam na aproximação, no diálogo amoroso e franco com seus filhos. Deixem as regras estabelecidas, sendo firme e doce ao lidar com a realidade, sublinhando sempre o apoio incondicional de família.
Não julguem. Acolham e orientem, vivam este momento ímpar. Seus filhos precisam de vocês.
(*Por Maurício Fernandes Pereira – Secretário de Educação de Florianópolis)

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