Geral

A consciência

Parece que a única faculdade que nos faz diferentes e superiores aos outros seres vivos, é a consciência.
Ela faz com que possamos apreciar e principalmente comparar as diferenças fundamentais entre os fenômenos físicos e químicos que regem nosso universo, o que os outros seres não podem.
Além disso ela vem de fábrica com um código embutido em nossa natureza divina, que contém as leis do cosmos.
Já nascemos com a consciência.
Nosso corpo parece que tem a única finalidade de ser seu suporte e meio de locomoção física para que ela aprenda, o que a natureza tem para informá-la num processo pedagógico que dura toda nossa vida.
A consciência será nossa mestra e companheira, estará sempre atenta enquanto estivermos despertos, avaliará, comparará, pesará nossos pensamentos e nos apontará os caminhos segundo as “leis naturais”.
Mas, jamais tirará nossa liberdade de escolher nossos caminhos.
Por causa disso, temos que justificar nossos atos e quanto mais aprendemos mais comprometidos ficamos.
Também será nossa policial, advogada, conselheira e juíza.
Sempre nos dirá o que é certo e o que é errado, o que é ético ou imoral.
O ser humano é um ser pensante. Só ele pode pensar. Mas, somos obrigados a pensar em todos os segundos em horas e dias em que estivermos acordados ou conscientes.
Às vezes penso que a consciência é imortal e se liga ao corpo pelos mesmos ligamentos que a alma (ou as duas seriam a mesma coisa???) – mas isto eu não sei.
E se isso fosse verdade?
O que aconteceria com nossa consciência – ela nos acompanharia naquele momento em que devemos deixar nosso corpo e partir para a eternidade, com toda sua carga armazenada de lembranças, palavras, omissões e atos que cometemos?
Estou pensando agora em REGINALDO BOPPRÉ, nosso querido Zinho, nas coisas que me contava e nas coisas que aprendi com ele.
Foi meu aluno no CEAL por sete anos.
Fui seu professor de Ciências no “ginasial” e de Biologia no segundo grau.
Lembro dele, olhar vivo e deslumbrado, atencioso e concentrado, lá pelos seus 11 anos de idade.
Tomei conhecimento que acordava às 4 horas da manhã e ajudava a entregar o leite nas casas antes das aulas.
Depois, já mocinho, trabalhando como frentista em um posto de gasolina, educado, solícito e comunicativo, e mesmo assim, sem demonstrar cansaço nas aulas da tarde onde era o aplicado aluno no “científico”.
Quando passou no vestibular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina, curso que leva alunos à exaustão, contou-me que, para se manter, trabalhava à noite como garçom em um restaurante em Florianópolis.
… da sua residência em São Paulo, fazendo plantões para equilibrar o orçamento e compensar a parca bolsa que se paga a um residente.Finalmente, com sua verdadeira explosão como médico em Tubarão, o nome em destaque, a sua perícia na especialidade sofisticada.
No Hospital Nossa Senhora da Conceição, mesmo quando se tornou um ícone, por sua competência segura, o destaque, o brilho, jamais se divorciou de sua compaixão para com os doentes e as famílias, nem do cavalheirismo e compreensão no trato com os auxiliares e os colegas, nem de sua fé e exemplo cristalino de pessoa.
Como depois, estendeu a mão generosa para apoiar os irmãos a se formarem como ele.
Sinceramente fico meditando sobre o quilate da consciência com que este menino foi dotado.
Por certo, a consciência viva deste médico querido por todos, leva-o agora a patamares muito elevados na nova vida que inicia na eternidade.
A esperada bem aventurança dos humildes, dos justos.
Acho que Zinho foi um anjo.
Bem aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Não podendo fazer melhor nesta inusitada situação, dentro do limite de minha pálida fé, cumprimento a família comum abraço que entremeia a tristeza, a fraternidade, a gratidão e a honra de ter convivido com ele.
Márcio José Rodrigues

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