Leonardo Boff

O neo-facismo no Brasil e na história (Final)

O nicho do fascismo encontra nesta desordem seu nascedouro. Assim, com o final da Primeira Guerra Mundial gerou-se um caos social, especialmente na Alemanha e na Itália. A saída foi a instauração de um sistema autoritário, de dominação que monopolizou a representação política, mediante um único partido de massa, hierarquicamente organizado, enquadrando todas as instâncias, a política, a econômica e a cultural numa única direção. Isso só foi possível mediante um chefe (Führer na Alemanha e o Ducce, na Itália) que organizaram um Estado corporativista autoritário e de terror. Dizia-se na Alemanha: “Der Führer hat immer Recht”(O Führer sempre tem razão). E na Itália: “Il Ducce ha sempre ragione”( O Ducce sempre tem razão).
Como legitimação simbólica cultuavam-se os mitos nacionais, os heróis do passado e antigas tradições, geralmente num quadro de grandes liturgias políticas com a inculcação da ideia de uma regeneração nacional. Especialmente na Alemanha os seguidores de Hitler se investiram da convicção de que a raça alemã branca é “superior” às demais com o direito de submeter e até de eliminar as inferiores.
A palavra fascismo foi usada pela primeira vez por Benito Mussolini em 1915 ao criar o grupo “Fasci d’Azione Revolucionaria”. Fascismo se deriva do feixe (fasci) de varas, fortemente amarradas, com um machado preso ao lado. Uma vara pode ser quebrada, um feixe, dificilmente. Em 1922/23 fundou o Partido Nacional Fascista que perdurou até sua derrocada em 1945. Na Alemanha se estabeleceu a partir de 1933 com Adolf Hitler que ao ser feito chanceler criou o Nacional socialismo, o partido nazista que impôs ao país dura disciplina, vigilância total e o terror de Estado.
O fascismo se apresentou como anti-comunista, anti-capitalista, como uma corporação que supera as classes e cria uma totalidade social cerrada. A vigilância, a violência direta, o terror e o extermínio dos opositores são características do fascismo histórico de Mussolini e Hitler. Atualmente os neo-fascistas usam com frequência a violência para se impor. São contra os valores democráticos, homofóbicos, racistas, difamadores de seus opositores. Usam as mídias sociais para propagarem seu ódio e seu propósito de um Brasil regido por meios violentos, em nome de uma nova ordem.
O fascismo nunca desapareceu totalmente, pois sempre há grupos que, movidos por um arquétipo fundamental, o da ordem, buscam esta ordem a qualquer preço.
É o neo-fascismo atual. Hoje no Brasil há uma figura mais hilária que ideológica que propõe o fascismo em nome do qual justifica a violência, a defesa da tortura e de torturadores, da homofobia e outras desviações sociais. Sempre em nome de uma ordem a ser forjada contra a atual desordem vigente com recurso da violência e não do diálogo e por meios democráticos.
O fascismo sempre foi criminal. Criou a shoa (eliminação de milhões de judeus). Usou a violência como forma de se relacionar com a sociedade, por isso nunca pode nem poderá se consolidar por longo tempo. É a perversão maior da sociabilidade humana. No Brasil não será diferente. Aqui não terá chances de se impor em razão de seu exacerbado radicalismo que tangencia o ridículo.

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