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Os 114 anos de Pedro Raimundo

Se vivo estivesse, o nosso querido Pedro Raimundo que enalteceu e muito a nossa cidade, teria completado na segunda-feira,29, nada menos que 114 anos. Falecido em 9 de julho de 1973, aos 67 anos, com SAUDADE DE LAGUNA soube elevar e valorizar o nome da cidade que o acolheu.Procurando de alguma forma, eternizá-lo, o JL apresenta um pouco da história desse brilhante imaruiense.

Mesmo tendo nascido na praia da Casa Grande, em Imaruí, em 29 de junho de 1906, filho de Maria Umbelina e João Felisberto, foi com Saudade de Laguna, cujo sucesso atingiu todo o País, que ele começou a brilhar. Daí considerá-lo também um lagunense. Iniciou sua vida como pescador. Foi oleiro, mineiro (em Lauro Muller), balconista na loja Novo Paraiso, aqui em Laguna, ferroviário, condutor de bonde e músico em Porto Alegre. Em 1926, casou-se com Maria Luiza Nunes, nascida em Orleans, com quem teve 3 filhos. Mas aqui, junto com os também saudosos Agenor e Antônio Bessa, integrou o conjunto “Choro Chorado”, tocando e cantando valsas, modinhas, canções românticas e chorinhos. Um caso amoroso fora do casamento, teria feito Pedro Raymundo pedir demissão da firma e mudar-se para Porto Alegre, preservando a união com Luiza. Na capital gaúcha, onde empregou-se como condutor de bondes da Carris, nas horas de folga apresentava-se no Mercado Público e no Café Comercial, esquina hoje das ruas Doutor Flores com Júlio de Castilhos. Em 1935 cantou no programa “Campereadas”, de Lauro Rodrigues, da Rádio Gaúcha, indo depois para a Rádio Farroupilha, onde formou o quinteto “Os Tauras”, só dissolvido em 1943, quando Raymundo decidiu mudar-se para o Rio, onde passou pelos programas Hora do Pato, de Héber Boscoli, Aí vem o pato, de Jorge Cury, Papel Carbono, de Renato Murce, Manoel Barcellos, César de Alencar, Paulo Gracindo, Luis Vassalo, Ari Barroso, Jararaca e Ratinho, Oduvaldo Cozzi e Aerton Perlingeiro, uns na Rádio Nacional e outros na Tupi e Clube. Em seguida gravou o primeiro disco, de 78 rotações, pela Gravadora Continental, com as músicas Tico-tico no terreiro e Adeus Mariana. Aliás, em 44 foi contratado pela Nacional do Rio para atuar no programa “Coisas do Arco da Velha”, com Floriano Faissal, Brandão Filho e Walter D’Avila. Também em 48, na Rádio Globo, fez “Coisas que o vento levou”, ao lado de Jorge Goulart e Francisco Carlos e em seguida excursionando pelo norte do País e em São Borja, no Rio Grande doS ul, onde foi cantar para Getúlio Vargas e João Goulart. Em 1948 fez muitos shows em Belo Horizonte e Recife, ao lado de Dalva de Oliveira, Herivelto Martins, Nilo Chagas, Dora Lopes, Ari Cordovil e Ases do Ritmo. Em 1949, participou do filme Uma Luz na Estrada, de Pedro Bloch e em 58 do filme “Nobreza Gaúcha”. Em 1959, o seu polegar direito, exigiu-lhe uma cirurgia, deixando-o inativo por mais de dois anos. Em 1963 voltou para Porto Alegre, de onde voltou ao sul catarinense para atuar nas rádios Eldorado, de Criciúma e Diário da Manhã (hoje CBN), da capital. Em 1971, foi novamente para Porto Alegre, onde por um ano, na Rádio Gaúcha, apresentou o “Programa Pedro Raymundo”. Doente, foi levado para o Hospital do INSS, no Rio de Janeiro, onde, vítima de câncer, veio a falecer em 10 de julho de 1973, aos 67 anos de idade. Dois meses antes, a Câmara de Vereadores de Laguna havia lhe concedido o título de cidadão lagunense, aliás sua segunda cidadania honorária, já quem em 1971 a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, havia lhe tornado cidadão do Estado da Guanabara.
Divulgou Laguna como poucos, aliás sempre enaltecendo o amor que tinha pela cidade, fosse pela música “Saudades de Laguna” ou quando dizia que aqui passou os melhores anos de sua vida. Certamente que teríamos a dizer muito mais sobre a sua trajetória, vitoriosa, o que faremos em outra oportunidade. Discografia – 40 discos de 78 RPM, pela Continental, de 1944 a 1953, 14 na Odeon, de 1954 a 1957, 4 na Toda América, de 1953 a 1954, 2 na Chantecler, em 1958, além dos LPs Adeus Mariana (Continental, 1960), Pedro Raymundo e suas valsas (Chantecler, 1961), Pedro Raymundo em Sepetiba (Discolar, em 1963), O Rio Grande Canta na voz de Pedro Raymundo (Copacabana, 1965), Pedro Raymundo (Mocambo, 1966), O canto e o acordeon de Pedro Raymundo (Odeon, 1967).

Saudade de Laguna

“Sinto em meu coração
Uma saudade daquela terra amada
Onde vivi
Saudade que hoje eu choro
Saudade sem fim
Saudade de Laguna
Que é tudo, tudo para mim
Quando de ti me lembro
Laguna amada
Minh’alma triste canta esta saudade
Parece que te vejo
Diante dos meus olhos
Laguna dos meus sonhos
Hoje eu choro…”

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