Leonardo Boff

Revendo os dias passados, tenho a mente voltada para a eternidade: 80 anos de vida

A quarta paixão foi pelos pobres e oprimidos. Nasceu a teologia da libertação e escrevi Teologia do cativeiro e da libertação; O caminhar da Igreja com os oprimidos; junto com meu irmão Frei Clodovis escrevemos Como fazer teologia da libertação.
A quinta paixão foi pela Mãe Terra super-explorada. Ecrevi A opção Terra: a solução para a Terra não cái do céu; O Tao da libertação: uma ecologia da transformação junto com Mark Hathaway; Como cuidar da Casa Comum.
A sexta paixão foi pela condição humana sapiente e demente. Escrevi O destino do homem e do mundo; A Águia e a galinha: metáfora da condição humana; Despertar da águia : o dia-bólico e o sim-bólico na construção da realidade; Saber cuidar; O cuidado necessário; Feminino –Masculino junto co Rose-Marie Muraro; O Ser humano como projeto infinito.
A sétima paixão foi pela vida do Espírito: Traduzi o principal da obra do místico Mestre Eckhart; retraduzi de forma atualizadora a Imitação de Cristo de 1441 acrescentando-lhe uma parte nova; O seguimento de Cristo; Experimentar Deus hoje; A SS.Trindade é a melhor comunidade; O Espírito Santo: fogo interior, doador de vida e pai dos pobres; Espiritualidade: um caminho de transformação.
Publiquei cerca de cem livros. É trabalhoso, com apenas 25 sílabas, compor as palavras e depois com as palavras formular as frases e por fim com frases conceber o conteúdo pensado de um livro. Quando me perguntam: “o que faz na vida”? Respondo: “sou trabalhador como qualquer outro como um marcineiro ou um eletricista. Apenas que meus instrumentos são muito sutis: apenas 25 sílabas”.
“E o que vc pretende com tantas letras”? Respondo: “apenas pensar, em sintonia, as preocupações maiores dos seres humanos à luz de Deus; suscitar neles a confiança nas potencialidades escondidas em si para encontrarem soluções; procurar chegar ao coração das pessoas para que tenham compaixão pelo injusto sofrimento do mundo e da natureza, para que nunca desistam de sempre melhorar a realidade, começando por melhorar a si próprios. Independente de sua condição moral, devam sentir-se sempre na palma da mão de Deus-PaI-e-Mãe de infinita bondade e misericórida”.
“Valeu a pena tantos sacrifícios para escrever”? Respondo com o poeta Fernando Pessoa:”Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Esforecei-me para que não fosse pequena. Deixo a Deus a última palavra. Agora no tramontar da vida, revejo os dias passados e tenho a mente voltada para a eternidade.

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