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Visita ao Compêndio Garibaldino – Caprera – Itália

Cemitério Garibaldi

“Após muitas batalhas na América do Sul e Europa, com a morte de sua amada, nossa heroína de dois mundos, a lagunense Anita Garibaldi, o herói italiano que lançou as bases da unificação de seu país, Giuseppe Garibaldi, admirado por muitos intelectuais de sua época, como Victor Hugo e Alexandre Dumas, passou os últimos 26 anos de sua vida aventureira na ilha de Caprera, situada no arquipélago de La Maddalena, na costa norte da Sardenha, Itália, local que tive a honra de visitar recentemente.

A ilha, que Garibaldi acabou comprando, representou seu refúgio e fuga entre um empreendimento e outro.

Coberta por pinheiros, plantados pela primeira vez pelo próprio Garibaldi, Caprera foi declarada reserva natural; seu nome deriva do grande número de cabras selvagens – capre em italiano – que vivem lá.

É ligada a La Maddalena, a maior e principal ilha do arquipélago, por uma ponte de 600 metros de comprimento, que pode ser atravessada por carro. À Maddalena somente é possível chegar pelo mar, sendo que os principais ferryes partem da cidade de Palau, tendo a bela travessia duração de aproximadamente 30 minutos.

Lá é possível conhecer um aspecto da vida de Garibaldi que poucos sabem: seu amor pela natureza e pela agricultura.

O chamado Compendio Garibaldino, o complexo habitacional onde residia, agora museu, é cercado pela vegetação mediterrânea e rochas graníticas típicas da ilha de Caprera, e tem vista para as águas cristalinas do arquipélago.

Tive a honra de conhecer recentemente esse lugar e ser muito bem recebido, especialmente pelas minhas origens serem advindas das mesmas terras de Anita Garibaldi.

Com muita alegria entreguei ao responsável pelo museu, Sr. Gian Luca Moro, a edição n° 1287 do Jornal de Laguna, de 02 de agosto de 2019, que contém artigo relatando a história de Anita Garibaldi, sua vida e o morte ao lado do homenageado naquele museu.

Um momento de muita emoção para mim, filho de lagunenses e batizado na Igreja Matriz de Santo Antônio dos Anjos de Laguna, bem como para os demais que presenciaram o momento, a quem pude relatar um pouco da história de companheira de tantas batalhas de Giuseppe Garibaldi e primeira mulher, mas que ali se encontra representada por um pequeno quadro apenas.

Foi nesse local idílico que Garibaldi iniciou sua fazenda e construiu a casa onde morou de 1856 a 1882 com a terceira esposa Francesca Armosino e os três filhos deste terceiro casamento (o segundo casamento, bastante breve, foi anulado).

Ali Garibaldi passava o tempo trabalhando na terra, cultivando pomares, vinhedos e laranjais, produzindo o necessário para o seu sustento e de sua família, dia a dia bastante diferente daqueles outros em que percorreu o mundo navegando e lutando.

O museu conta com diversos objetos pessoais de Giuseppe Garibaldi que retratam vários momentos de sua vida.

O “Leão de Caprera” morreu às 6 horas do dia 02 de junho de 1882 e na casa ainda está, eternizando o momento de sua última viagem, o relógio parado naquele mesmo horário, as folhas do calendário não destacadas desde aquele dia e a cama a seu pedido voltada para o mar que ele tanto admirava, a fim de passar os últimos dias recordando tantos mares pelos quais navegou, e certamente relembrando de forma especial aquele que o levou a Laguna e sua companheira de amor e lutas Anita Garibaldi.

O corpo de Garibaldi não foi cremado como era de seu desejo, mas sim enterrado e hoje alocado ao lado do túmulo de sua esposa Francesca e dos três filhos advindos desta união.

Houve a intenção de trasladar os restos mortais de Anita Garibaldi para o mesmo cemitério de Caprera onde está o general Garibaldi, no entanto não foi esse o desejo dos familiares da última mulher.

No entanto, curiosamente ao lado do túmulo de Garibaldi também há um outro em cuja lápide se lê o nome de nossa heroína e lagunense Anita Garibaldi, que vem a ser o de uma filha que Garibaldi teve com outra mulher, Battistina Ravello, batizada com o mesmo nome daquela forte mulher que tanto o inspirou e sempre esteve ao seu lado até o último suspiro que deu envolta em seus braços, as 19 horas do dia 4 de agosto de 1849.

Estar em Caprera foi um momento especial de minha vida. Uma ilha cercada de belezas naturais, onde Garibaldi nos mostra uma maneira simples de viver, que guarda um pedaço da história daquele país e também nos remete a nossa própria história.

Agradeço ao amigo João Batista da Cunha Ocampo Moré, Juiz de Direito na Capital, profundo estudioso e Doutorando na Itália, cujas raízes também remontam à esta terra Laguna amada, por haver indicado um pequeno local no mapa chamado Caprera, mas de significativa importância, que agora tenho a honra de compartilhar com os leitores deste nobre periódico.”

FRANCISCO CARLOS F. PACHECO 16/09/2019

Túmulo Garibaldi

Entrega Jornal de Laguna

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