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Conheça os três catarinenses que contribuíram para consolidação da república no Brasil

O lagunense Raulino Horn foi um deles

O Brasil, hoje, 15, comemora 130 anos da Proclamação da República. O feriado relembra o dia 15 de novembro de 1889, quando o Marechal Deodoro da Fonseca derrubava o regime imperial para estabelecer a República, na então capital do país, Rio de Janeiro. Em Santa Catarina, o farmacêutico Raulino Horn, o militar Lauro Müller e o engenheiro Hercílio Luz foram os principais responsáveis por consolidar o regime político brasileiro que substituiu a monarquia. O Partido Republicano Catarinense foi criado em 1887, por iniciativa do lagunense Raulino Júlio Adolfo Horn. Descendente de alemães, o republicano fez graduação em Farmácia na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, seguindo a profissão do pai. Ajudou a fundar o clube abolicionista de Desterro e trabalhou como jornalista. Chegou a fundar jornais para disseminar ideais do PRC, que se alinhavam com o Partido Republicano Paulista, o primeiro a defender a instalação do atual regime no país. Raulino Horn era o principal nome republicano catarinense antes da Proclamação da República. Na época, os dois principais partidos políticos eram o Partido Conservador (PC) e o Partido Liberal (PL). Com o novo regime político, muitos integrantes do PC se integraram ao Partido Republicano e assumiram cargos no país. Ao assumir como primeiro presidente do Brasil, o Marechal Deodoro da Fonseca nomeou o militar Lauro Müller, do PC, como governador de Santa Catarina e Raulino como vice.
O lagunense Raulino Horn
Nascido em Laguna em 1º de julho de 1849, filho de Claudina (Bernardina de Oliveira) e do alemão Eduardo G. Otto Horn, Raulino Horn era casado com dona Henriqueta Monteiro, com quem teve uma filha de nome Axires. Diplomou-se em Farmácia pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Ainda estudante no Rio, encampou as idéias republicanas de Saldanha Marinho, Esteves Junior e Quintino Bocaiúva. De volta a Santa Catarina, foi diretor do Laboratório Raul Oliveira. Na política partidária fundou o Partido Republicano e em 1887 instalou o Clube Republicano Esteves Junior, além de dirigir o jornal Evolução, cuja linha editorial defendia a abolição da escravatura. Uma vez proclamada a República, dias depois, em 18 de novembro de 1889, ainda que por pouco tempo, integrou a Junta Governativa de SC, ao lado do Coronel João Baptista do Rego Barros Cavalcanti de Albuquerque e do general Alexandre Marcelino Bayma. Em 2 de dezembro do mesmo ano, o comando foi entregue ao primeiro governador (assim então chamado) do Estado, Lauro Severiano Müller. Em 12 de abril de 1890, por ato de Deodoro da Fonseca, o lagunense foi nomeado 1º vice governador e que por duas vezes governou o Estado na interinidade de Lauro Müller, respectivamente nos períodos de 24 a 29 de agosto de 1890 e de cinco a oito de outubro do mesmo ano. É de se destacar, também, que Raulino Horn foi vereador, quando presidiu a Câmara Municipal da capital e, nessa condição, chegou a ser prefeito de Florianópolis. Quando da primeira legislatura federal, no ano seguinte foi eleito Senador da República para o período de 15 de novembro de 1890 a 5 de novembro de 1899, ocupando a 4ª secretaria da Mesa Diretora. Depois de cumprir mandato no Senado, retornou a SC, assumindo como superintende municipal. Em 1919 foi eleito deputado estadual e como tal presidiu a Assembleia. Ainda que interinamente, novamente exerceu o cargo de governador, substituindo Hercílio Luz nos períodos de 24 de abril a 28 de maio de 1920, de 30 de agosto a 27 de setembro, também de 1920, de 31 de outubro de 1921 a 12 de agosto de 1922 e de 16 de agosto a 28 de setembro de 1922. Ele também foi membro do Congresso Científico Latino Americano. É nome de escola em Indaial e de ruas aqui em Laguna e em Blumenau, Braço do Norte e Criciúma. Faleceu em nossa capital em 26 de setembro de 1927. (Do livro Santa Catarina e Seus Governadores, de Marcio Carneiro).
Lauro Müller
Lauro Severiano Müller nasceu em Itajaí, em uma família de alemães que trabalhavam na lavoura. Ingressou na carreira militar em 1882, na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, onde conheceu outros nomes importantes da República, como Benjamin Constant. Formou-se engenheiro e foi promovido a tenente engenheiro militar no mesmo ano em que assumiu como primeiro governador de SC. Assim, passou a defender as ideias republicanas, mas seu mandato foi interrompido pela Revolução Federalista. Após a Proclamação da República, as principais lideranças políticas do Partido Conservador (PC) entraram para o Partido Republicano. “Isso desagradou os integrantes do Partido Liberalista e essa disputa pelo comando do Partido Republicano foi o que levou à Revolução Federalista”, explica o professor de História de Santa Catarina da Udesc, Reinaldo Lindolfo Lohn. A Revolução Federalista ocorreu entre 1893 a 1895 e envolveu os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
Hercílio Luz
No auge do conflito contra a Revolução, um dos maiores defensores da República junto a Lauro Müller foi o engenheiro Hercílio Luz. Também membro do Partido Conservador, Hercílio nasceu em Desterro no seio de famílias diretoras de terras e de colonização no Estado. Após a Revolução Federalista, Hercílio Luz se elege governador do Estado. Floriano Peixoto se torna presidente da República e o nome da capital catarinense muda de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis. Após esses eventos, a República se estabiliza na região. Esses foram os três principais personagens que contribuíram para a consolidação da república no Estado. Raulino Horn morreu aos 78 anos, em 1927, Lauro Müller aos 62, em 1926 e Hercílio Luz aos 64 anos, em 1924.

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